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Outro. Também meu

"Vem comigo" Estendem-me a mão No porto de abrigo Mas eu que sou de mar alto, De navegar à deriva, Só sonho E é contigo Nem para a frente nem para trás como se uma corrente me prendesse, bem preso a um olhar amigo ao sonho de te ter Aqui. Comigo

Um. Meu!

Canta a voz do poeta o amor tem alma quem a viu? É secreta! Grita o homem A alma tem vida Quem sabe onde está a paz? Ninguém Suspira a mulher A vida tem dor Como sorrir? O melhor é sentir Conversam os dois A dor tem fim Qual é a cura? Ter-te ao pé de mim

o meu olhar

o meu olhar é nítido como um girassol. tenho o costume de andar pelas estradas olhando para a direita e para a esquerda, e de vez em quando olhando para trás... e o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha visto, e eu sei dar por isso muito bem... sei ter o pasmo essencial que tem uma criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras... sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo... creio no mundo como num malmequer, porque o vejo. mas não penso nele porque pensar é não compreender... o mundo não se fez para pensarmos nele (pensar é estar doente dos olhos) mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... eu não tenho filosofia; tenho sentidos... se falo na natureza não é porque saiba o que ela é, mas porque a amo, e amo-a por isso porque quem ama nunca sabe o que ama nem sabe por que ama, nem o que é amar... amar é a eterna inocência, e a única inocência não pensar... Alberto Caeiro