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A mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Esteves Cardoso

Porque há textos que não podem ser apagados

A aventura do coiso Falando sobre o carnaval brasileiro, Luís Pereira de Sousa referia-se à "genitália desnudada" dos participantes. A expressão, singela como o autor dela, parece parte dalgum hediondo soneto do século XVIII - "Oh desnudada genitália de doce nereide / Só de pensar que um dia te hei-de". Et caetera. O pobre Pereira de Sousa não tem culpa. O problema é comum a todos os portugueses - como é que alguém se refere à genitália no dia a dia? Uma pessoa vai ao médico e queixa-se: "Sr. doutor, ultimamente tenho tido uma certa comichão na genitália?" e ele manda pôr a genitália de molho? Tem de se falar nestas coisas. Assim como não há nome para chamar um empregado de mesa, tem de haver um nome não-ordinário para as nossas partes. E falando em partes gagas, os freudianos, como o Eduardo Prado Coelho, dizem "falo", mas é muito pretensioso. Dá para imensos trocadilhos entre o falo e o falar, em longos textos sobre o desejo e o indizível, mas