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A garrafa de vinho que não cumpriu a sua missão

Se vivesse mais 100 anos e se todos os anos falasse uma vez com os pais sobre o assunto, outras 100 vezes B. ouviria dizer que aquela garrafa era de 1973. Era, na verdade, de 1974, não exactamente do ano em que nasceu, mas o mais perto que se arranjava. Pouco lhe importava. Importava, isso sim, a história de vida que aquela garrafa de vinho Madeira lhe contava. Ao recebê-la - depois de umas férias dos pais na Pérola do Atlântico - B. decidira guardá-la para ocasião especial. Traçou-lhe como meta ser aberta no dia em que quisesse brindar à notícia que, sabia, um dia haveria de dar-lhe um sorriso, bem como fazer os seus pais darem o passo seguinte na carreira familiar: tornarem-se avós. O vinho era especial e como especial foi guardado no ponto mais alto e escuro da despensa. Inalcançável, como se a distância ao braço representasse a distância da vida de B. ao dia para o qual reservara a garrafa, a pobre foi envelhecendo. Abandonada, esquecida. Certo dia, B. cansou-se. Cansou-se de outra

I can fly!

Our hearts will beat as one

"Our hearts will beat as one" - David Fonseca

Uma história como outra qualquer (ou mesmo como todas as outras)

R e P, ela mulher, magoada, ele homem, magoado. Ela, R, sem fé, ele, P, renovado. Em comum um trajecto de desilusão. De dor. Individual. A dois. Caminho traçado nas linhas de dedos inspirados; olhos sedentos, almas insaciáveis. Um caminho que culmina num beijo, um beijo que culmina numa conversa. R - Não sei bem que dizer-te! Eu, bom... eu não sinto que este beijo nos leve a algum lado. P - Mas como pode levar se nunca estamos juntos? Se não nos damos a oportunidade de o sabermos... R - Pois, é isso. Esperava que o beijo fizesse crescer algo que não cresce. P - Mas, dizes que gostas de mim... R - E gosto. Gosto um bocado de ti. P - Mas há 15 dias não gostavas. R - Não sei, se calhar gostava o mesmo e não cresceu. P - Mas há 15 dias não me beijavas... R - Não sou de cliques... P - OK. se não cresceu vai crescer? R - Não sei. Duvido. P - É mais fácil se disseres que não gostas de mim. Assim entendo que não queiras ir a lado nenhum. R - Pois, temo que seja isso. P - Então não gostas. OK!