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A mostrar mensagens de abril, 2020

A falta de vergonha do El Corte Inglés

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Depois de ter feito uma encomenda na loja online do  El Corte Inglés  (o link é para poderem bloquear) no dia 9 de abril, com a premissa (por eles anunciada) de que chegaria a 18 - ou seja a tempo de ser o presente que o mais velho queria dar à mais nova pelo 5.º aniversário, ontem, vários dias depois de terem falhado o prazo para entrega, mandaram-me um e-mail a dizer: "tal como solicitado, anulamos um (ou vários) produtos associados ao seu pedido". Problemazito: eu não solicitei anulação de nada e, mais grave do que isso, já por três vezes tinha telefonado para os contactos do El Corte para perguntar o que se passava. No dia 17  disseram-me: não se preocupe, que deve chegar  amanhã. Estamos a dar prioridade a tratar do assunto e nem tanto a atualizar o site. Hoje, depois de tudo isto, continua disponível online... No dia 18  disseram-me que não sabiam o que se passava, mas que seria contactado brevemente pela loja online para me informarem (e enviara

covid-19 (dia 47 - 29/04) - fura quarentenas

Parece mentira chegar aqui e perceber que vamos em 47 dias disto. O que já se passou e o que falta ainda passar. Já não há novidades para escrever todos os dias - pelo menos das relacionadas com a Covid-19 - ou, havendo, já vai faltando a paciência. Como no futebol, agora todos somos epidemiologistas de bancada e "de médico e (sobretudo) de louco todos temos um pouco". Vou lendo um pouco de tudo e já desisti de acreditar em quem quer que seja. A verdade nunca será um valor absoluto e para cada ideia haverá interpretações distintas, razões fundamentadas, sejam em erros científicos seja na falta de uma base de dados com critérios semelhantes em todo o Mundo. A última ideia que me despertou curiosidade foi de que o medo mata mais que a Covid-19. Lá está, nunca saberemos, mas hoje foi divulgado um estudo que diz que de 1 de março até 22 de abril morreram em média (sem ser por Covid-19) mais 75 pessoas por dia do que seria expectável (o que dará quase 4 mil). Serão pessoas

covid-19 (dia 46 - 27/04) - Profissão: Mãe

Uma das regras que impusemos cá por casa durante os tempos de confinamento é que à hora de almoço não se liga a TV. É talvez o único momento dos dias é que é garantido que estejamos todos juntos (entre tarefas deles, trabalho, compras, stresses vários relacionados com esta profissão de sermos pais e mães a tempo inteiro). A ideia é simples: termos tempo para conversar. E se por vezes ficamos a saber o que queremos e o que não queremos sobre jogos como o Fortnite, noutros momentos apanhamos verdeiras pérolas, como a que vos relato a seguir. Filho (o mais velho) - Eu quando crescer vou ser solteiro e vou ser o primeiro homem a conseguir entrar num buraco negro. Vou ver como é do outro lado e descobrir que há outras galáxias completamente diferentes. Filha (a mais nova) - Eu vou ser mãe. Filho - Não podes ser só mãe. Tens de ter um trabalho. Filha - Não não, vou ser mãe. Filho  - Não pode ser!!!! O teu marido. vai achar que tu és uma desgraçada porque não trabalhas e vai abandonar

covid 19 (dia 45 - 26/04) - Um amor destes...

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covid-19 (dia 43 - 24/04) - o especialista

Estive a ouvir isto  (clica na palavra isto - a que está lá atrás, não esta!!!) e fiquei a torcer para que o André Dias tenha razão. Para uns ele é louco, como o Trump. Para outros, está carregado de razão. Não tenho estudos para mais do que isto, por isso fico-me pelo "espero que esteja certo". Na verdade, o vírus é, como dizia o Guedes, cada vez mais "uma cena que não me assiste". Já nem acompanho os números de Portugal - acho que foi bom ter-me mentalizado de que seríamos uma segunda Itália - mas também não tenho qualquer pressa em retomar algum tipo de normalidade. Só me custa mesmo é ver os filhos meio avariados. Ele, 9 anos, a chorar que não consegue acompanhar a escola; ela passiva-agressiva aos (agora) 5 anos. No meio disto, tenho de destacar uma pequena maravilha: o mais velho já vai percebendo que a irmã sofre com a falta das amigas e então, vai daí, passou a encarnar uma delas nas brincadeiras. A "Pereira" anda agora cá por casa. Ele faz

covid-19 (dia 42 - 23/04) - pois...

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Covid 19 (dia 39 - 20/04) - Aniversário

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Hoje a mais nova faz cinco anos. E isso, meus amigos, sendo especial é, também, profundamente triste. A festa com que sonhou não aconteceu nem vai acontecer tão cedo, mas lá fizemos um bolo caseiro, uma mousse de chocolate (para cumprir o desejo dela) e enchemos a mesa de bolachas (bolacha torrada, belgas, etc) a fingir que havia grande variedade de doces. Ela, percebe-se, feliz pelos cinco anos, impôs a si própria o nada cobrar. Recebeu os presentes (dois) a meio da tarde, apenas, falou com um dos avôs e padrinho por Zoom, e com outro por telefone em alta voz, e todos, ao mesmo tempo, lhe cantámos os parabéns. Para os pais foi um esforço brutal para fazer tudo parecer normal. Mas não foi. Nem será... Depois, saímos de casa e fomos até cada um dos avôs levar duas fatias de bolo, e matar saudades à distância. O vírus afastou-nos do toque. Em momento algum, crianças ou avôs tiveram qualquer impulso de se tocarem, de se abraçarem. Embora a mais nova, ao sair de casa, fosse dizen

Covid-19 (dia 35 - 16/04) - Welcome to the jungle

Benvindos ao inferno, sim, porque o inferno está instalado por cá. O regresso às aulas - não presencial - é o fim do mundo em cuecas. Computadores a rebentarem pelas costuras, dois a serem utilizados ao mesmo tempo e, sobretudo, incapacidade total para acompanharmos os dois crianços ao mesmo tempo. Resultado, hoje dei por mim na hora de maior stresse a lidar com o facto de a mais nova chorar, o mais velho chorar, a mãe chorar e eu chorar. Os dois últimos talvez seja exagero, mas andou lá perto. Os professores acham que falar com miúdos de 9 anos é como falar com miúdos do 9.º ano e que todos percebem os conceitos informáticos - e, mais ainda, que os captam numa vídeochamada. O inferno, aqui, é esse. A comida vai-se fazendo, as compras idem, o apoio aos avôs também. Mas quem nos ajuda a nós? Temos de ir fazendo o esforço de manter os miúdos ativos e a estudar (e no caso da mais nova isso mudou o comportamento dela e, mais importante, o sentimento - tanto que ontem já quis telefo

Covid-19 (dia 33 - 14/04) - Regresso às aulas

Não tem sido fácil passar por cá. A verdade é que não tem havido muitas novidades nos nossos dias, por um lado, e, por outro, temos dado prioridade a tarefas relevantes como ver séries antes de dormir. A verdade é que o dia de hoje ficou marcado pelo regresso dos miúdos à escola. Em casa, claro. Ela começou o dia a ver na RTP2 o zigzag, ele começou o dia a fazer o plano do dia no caderno, segundo de reunião com a professora no Teams (da Microsoft). Os putos perdem a cabeça - apanham-se ali e desatam a escrever coisas uns aos outros, a mandar convites para videochamadas, etc... (o que teria sido a minha adolescência com isto, em vez de um ZX Spectrum com cassetes para carregar jogos?). São uns espertalhões e acho tanta graça a isso, quanto isso me incomoda. A verdade é que o mais velho só precisou de cinco minutos de Teams para saber como aquilo funcionava tudo. A mais nova falou com a educadora, viu meia dúzia de amigos e puxou muito os cabelos da mãe. Está um bicho. Tive grand

Covid-19 (dia 30 - 11/04) - Uma conversa sobre o Corona

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Dia de folga. O primeiro de três. Além de ter passado o dia a trocar emails com assessores de imprensa para escrever uma notícia (que ainda não saiu) e de ter feito, por telefone, uma entrevista, o melhor acabou por ser o passeio que demos, aqui na rua, com os miúdos - eles não saíam de casa há uma semana. Incrivelmente, portaram-se tão bem que não tocaram em nada. Talvez por estarem já habituados à realidade. Hoje de manhã, acordaram às 8h20 para verem na TV desenhos animados da Guerra das Estrelas. Lá saltaram da cama e eu, no quarto, ouvi a conversa deles. Ele - Temos de calçar os chinelos. Ela - Pois é, por causa do Corona. Ele - É quase impossível o Corona apanhar crianças. Quer dizer, pode até apanhar, mas até agora matou zero crianças. Zero!!! As crianças estão protegidas. Ela - Pois é. E os pais. Ele - Os pais podem apanhar o Corona, mas é mais difícil o Corona matá-los. Ela - Pois. Ele - Os avôs é que é pior. Ela - Pois. E a conversa ficou por aí. De manhã, quan

Covid-19 (dia 28 - 09/04) - As notas dele; a tristeza dela

Fez hoje um mês que estivemos todos juntos. Todos, cá em casa, é 6 pessoas. Nós os 4, o meu sogro e o meu pai. Parece uma vida. É um mês. Vamos falando, mas claramente não chega. Este ano não haverá cabrito e borrego maravilhosos feitos pelo meu pai, nem amigos a acompanharem-nos no domingo. Daqui a dias (não muitos) a mais nova celebrará o quinto aniversário e não terá a festa com que sonhou no último ano.  Ela é claramente quem está a sofrer mais com o confinamento. Acaba por ser natural, pois é também quem tem mais dificuldade em compreender o que está em causa. Anda triste. Arrasada. Hoje viu um vídeo da educadora, coisa longa, a contar uma história lida de um livro. Viu com atenção, em silêncio. Quando o vídeo terminou ela ficou calada. A mãe perguntou-lhe se gostou, e ela respondeu que sim com a cabeça. - O que sentiste? - Nada (e saiu do colo da mãe) - Sentiste alegria ao ouvir a história? Sentiste saudades ao ver a educadora? Ela, sem olhar, começou a afas

Covid-19 (dia-27 08/04) - Sonhar cansa tanto

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Tenho sonhado muito. Mesmo muito. É tão cansativo sonhar... Na noite passada, sonhei que ia viajar. Era uma viagem de finalistas - ou lá o que era, porque eu não era finalista - mas havia condicionantes complicadas, como algum tipo de isolamento social. Havia distanciamento, mas vá-se lá saber porquê, acabava a falar com outra finalista que não era finalista. De repente estávamos em minha casa, ela acabadinha de tomar banho e só com uma toalha enrolada à volta do corpo. E o meu sogro andava por lá, bem como os filhos. E eu só perguntava: a S. não disse nada sobre quando volta? Eu estava a cozinhar. E, pelos vistos, preocupado com o paradeiro da minha mulher e a resistir aos apelos de um corpo acabado de banhar e apenas enrolado numa toalha. No fundo, é isso que o Covid-19 me tem dado. Aproveitar o prazer de estar em família, estranhando a ausência de um de nós. Há tempos sonhei que a S. morria. Era horrível. Chorava desesperado. Diz que dá mais tempo de vida. E ainda bem. P

Covid-19 (dia-26 07/04) - finalmente, a ver séries

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Nos últimos dois dias não passei por aqui. Quer dizer, passei mentalmente, mas no fim acabei por não escrever. Os dias estavam sempre iguais e acho que quis fugir às rotinas: acordar cedo, meter os miúdos a fazer coisas, aturar birras, trabalhar, ir às compras, aturar birras, impedir os míudos de fazer coisas, fazer o jantar (antes tinha feito o almoço, claro), aturar birras e discussões dos putos, deitar os míudos, impedir os miúdos de fazer coisas, obrigar os miúdos a dormir, impedir os miúdos de fazer coisas, depois disto tudo telefonar ao pai por vídeochamada, tentar prever quando acaba a comida e fazer compras, e ir dormir sem ver - mais uma vez - um episódio de uma qualquer série. Nos últimos quatro dias tudo mudou. Vá, só uma coisa mudou: despachámos a primeira temporada do Fleabag (eram só seis episódios, calma); e ontem ainda vimos o primeiro de Breeders na HBO (uma comédia fantástica sobre a vida de um casal com dois filhos). Cá por casa, entrámos no registo de a mais nov

Covid-19 (dia 23 - 04/04) - O Euro-2016 soube melhor que o vinho

Folga. Um dia sem me sentar ao computador no quarto gelado para onde deslocámos a escravininha que foi dos meus pais e tantos anos esteve emprestada a uns tios. Um dia difícil. Muito difícil. Creio que os miúdos não saem de casa há quase uma semana - perdemos a conta. E hoje a mais nova avariou de manhã. Chorou das 11 h até às 14 h. Mas quando digo chorou, quero dizer esperneou, lutou, debateu-se, revoltou-se, sofreu, fez sofrer, quase fez chorar. Diria que é esgotamento puro, cansaço, frustração, quem sabe até depressão. Mas para ela era tudo simples: as calças e as cuecas incomodavam-na de morte. Nada servia. Nada de nada. Nenhuma solução agradava. "Nada vai resultar". Acabei por vestir-lhe calças de pijama sem cuecas, e encomendámos cuecas novas (eles crescem, mesmo em confinamento) na Zippy. Ao almoço fiz alheira para mim e para o sogro, e cada um em sua casa, comungámos de algum tipo de união. Abri uma garrafa de vinho que tinha guardar há uns anos. Alentejano.

covid 19 (dia 22 - 03/04) fleabag

Hoje folguei, que é como quem diz trabalhei para a familia. Loja das frutas de manhã. Três sacos. Três listas  Três contas. Melhor método. Ir a todas as casas. Uma correria. Só me safei às 16h. Percebi que infetados subiram à volta de 10 por cento - entrei num registo de mera curiosidade estatística. Joguei basquetebol no escritório e houve gargalhadas. Dos mais novos e dos mais velhos. À hora de dormir queriam ficar na sala. Expliquei-lhes que os pais precisam de tempo para eles, que não podem estar sempre com os filhos. Que temos de falar, ler, ver TV.  Lá foram. E nós vimos dois episódios da série Fleabag. Pela primeira vez, e durante 40 minutos, esqueci-me que estamos em isolamento com gente a ser dizimada por um vírus esperto... Ps: em França morreram 1120 pessoas em lares e hospitais em 24 horas!

Covid-19 (dia 21 - 02/04) - sou o único que não se importa de ficar em casa?

- Mamã, quantos ó-ós faltam para voltar à rua? - Podemos ir à rua passear. - Não é isso, é para ir para a rua para estar com os amigos. A mais nova cá de casa, quase a fazer cinco anos (que celebrará em confinamento), começou desta forma o dia e ao final da tarde passou 45 minutos em vídeo-chamada com uma amiga do pré-escolar. Devo ser das poucas pessoas que não se chateia por não sair de casa. Aliás, talvez por ter de andar de casa em casa a entregar coisas (hoje a receber o frigorífico novo em casa do meu pai), o que me causa stresse é precisamente andar na rua. Mete máscara, tira máscara, passa gel desinfetatente, tira óculos, passa gel, mete máscara, etc, e por aí além... Um papel para abrir a porta, as luvas que afinal de nada servem porque o ideal é lavar as mãos. Os hospitais de Nova Iorque já só têm capacidade para mais 6 dias. Depois os ventiladores acabam e o Mayor já veio dizer que depois disso, quem precisar... morre. Hoje, o português João Nascimento anunciou

Covid 19 (dia 20 - 01/04) A loucura das compras

Hoje o dia começou a encomendar (finalmente) o frigorífico novo para o meu pai. O antigo pifou, foi-se, finou-se, deixou de existir, cansou-se de resfriar, etc (e aqui fica uma homenagem aos Monty Python e ao sketch do papagaio morto ). E acabou com a loucura de fazer compras para casa. Depois de horas à espera para entrar no site do Jumbo, a primeira data disponível era... 14 de abril! Alguém terá desistido pelo meio e ao finalizar havia a possibilidade de ir à loja levantar dia 7! (entregas em casa, esqueçam). Agora quem não quer meter-se num hipermercado e voluntariar-se para ser dos primeiros infetados, dando assim heróico contributo para o famigerado objetivo da imunidade de grupo (70 a 80 por cento de infetados protegem os outros desde que desenvolvam imunidade), tem de gerir as datas das compras online como se estivesse a planear a compra de uma casa. Posto isto, acabada a primeira compra, lá passámos mais uma bom pedaço do nosso dia no site do Pingo Doce a fazer nova enco

Covid-19 (dia 19 - 31/03) - Uma entrevista

O dia de hoje foi marcado por uma bela entrevista telefónica que consegui. Por isso e por uma receita de bolo de banana que encontrei na internet e que permitiu gastar as quatro bananas que estraguei na semana passada e que ainda resistiam, transformando-as em dois bolos. Um para nós, outro, dividido em partes iguais, para os avôs. Da entrevista, espero que saia uma manchete no jornal de quinta-feira. Ou pelo menos um bom destaque de primeira página. Do bolo, posso dizer que acabadinho de fazer sabia a pedaço de céu - mais pela textura, até, que pelo sabor. Hoje comecei o dia tarde à beira de ataque cardíaco provocado pelo alarme escolhido pela minha mais que tudo (mesmo assustador). Sobrevivi a dois massacres e lá acordei pelas 10h. Depois de um dia que correu bem com os miúdos de castigo sem PlayStation, conseguimos replicar o ambiente durante a manhã. Riram-se, brincaram, e tudo (me) pareceu mais sereno. Houve desenvolvimentos do frigorífico (que levou ao drama de parte do f