Covid-19 (dia 30 - 11/04) - Uma conversa sobre o Corona

Dia de folga. O primeiro de três. Além de ter passado o dia a trocar emails com assessores de imprensa para escrever uma notícia (que ainda não saiu) e de ter feito, por telefone, uma entrevista, o melhor acabou por ser o passeio que demos, aqui na rua, com os miúdos - eles não saíam de casa há uma semana.

Incrivelmente, portaram-se tão bem que não tocaram em nada. Talvez por estarem já habituados à realidade.

Hoje de manhã, acordaram às 8h20 para verem na TV desenhos animados da Guerra das Estrelas. Lá saltaram da cama e eu, no quarto, ouvi a conversa deles.

Ele - Temos de calçar os chinelos.
Ela - Pois é, por causa do Corona.
Ele - É quase impossível o Corona apanhar crianças. Quer dizer, pode até apanhar, mas até agora matou zero crianças. Zero!!! As crianças estão protegidas.
Ela - Pois é. E os pais.
Ele - Os pais podem apanhar o Corona, mas é mais difícil o Corona matá-los.
Ela - Pois.
Ele - Os avôs é que é pior.
Ela - Pois.

E a conversa ficou por aí. De manhã, quando fui comprar fruta, tive agradável surpresa. Havia folar de Páscoa na loja (que além de fruta tem um pequeno talho e vende pão). Comprei dois. Um para nós, outro para o sogro. O pai passa a Páscoa sem folar, porque mora num concelho diferente do nosso, embora perto, e não é permitido andar a circular entre concelhos.

Talvez seja isso que mais nos custa - a saudade dos avôs.

Ainda hoje dizia à SS que enquanto não houver mais layoffs, despedimentos, ou alguma outra coisa que me preocupe, me sinto confortável com esta nova forma de vida. A ansiedade desapareceu (acho que quando percebi que nunca iria faltar comida aos miúdos) e a única coisa que ainda me falta é conseguir mudar as rotinas. Acordar mais cedo, fazer mais vezes aulas para me mexer.

Vem aí a Páscoa. E desta vez, em vez de cabrito e borrego, feitos pelo meu pai, com a João e o Armando, com o Luís, com os avôs, seremos apenas os quatro e um frango assado. Sim, que o mais velho anda com saudades de frango assado e hoje acaba o sacrifício dele  de quaresma: prometeu durante 40 dias não comer batatas fritas - uma das coisas que mais adora - e cumpriu. Merece, por isso, um belo frango assado com batatas fritas. Merecemos todos, acho...

Hoje, mais uma vez, não fizemos o pitéu de sábado para 6. Mas enquanto dois deram saltos de alegria com o strogonoff, outros dois deliciaram-se com "arroz de grelos e ovos com farinheira do Alentejo".

Farinheira alentejana em cama de ovo mexido; com arroz de grelos à BF (para a SS)






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