Covid-19 (dia 23 - 04/04) - O Euro-2016 soube melhor que o vinho

Folga. Um dia sem me sentar ao computador no quarto gelado para onde deslocámos a escravininha que foi dos meus pais e tantos anos esteve emprestada a uns tios.

Um dia difícil. Muito difícil. Creio que os miúdos não saem de casa há quase uma semana - perdemos a conta. E hoje a mais nova avariou de manhã.

Chorou das 11 h até às 14 h. Mas quando digo chorou, quero dizer esperneou, lutou, debateu-se, revoltou-se, sofreu, fez sofrer, quase fez chorar. Diria que é esgotamento puro, cansaço, frustração, quem sabe até depressão. Mas para ela era tudo simples: as calças e as cuecas incomodavam-na de morte. Nada servia. Nada de nada. Nenhuma solução agradava. "Nada vai resultar".

Acabei por vestir-lhe calças de pijama sem cuecas, e encomendámos cuecas novas (eles crescem, mesmo em confinamento) na Zippy.

Ao almoço fiz alheira para mim e para o sogro, e cada um em sua casa, comungámos de algum tipo de união.

Abri uma garrafa de vinho que tinha guardar há uns anos. Alentejano. Da Amareleja. Garrafa comemorativa do Euro-2016 que Portugal ganhou. Nisto dos vinhos não sou muito por guardar para valorizar. É beber enquanto a coisa está boa. Este, não sendo uma maravilha, melhorou ao respirar um pouco.

E agora se me dão licença, vou fazer companhia à minha querida mulher. Talvez ver mais uns episódios de Fleabag e descontrair um pouco. A ver se volto a esquecer-me do confinamento, e que na empresa onde "vivo" já começaram a chover indicações de layoff nalguns sectores - hoje passei o dia a pensar nisso: se quando tudo isto passar ainda terei um emprego; e como poderei ter de reinventar-me. (isto depois de ontem colegas terem sugeridos que deveríamos dizer ao patrão que não tem de pagar-nos os feriados de Páscoa - algo que não colheu simpatia de muita gente).

Cada coisa a seu tempo. Agora o Fleabag, que é a única coisa que depende de mim.

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