Uma ida ao endireita
Lesionado, com dores no calcanhar de mal correr, já a desesperar por não conseguir voltar aos treinos - e já agora por continuar com dores - resolvi recorrer às (não) medicinas alternativas.
Já me tinham falado da Dona Luísa, que atende ali para os lados da Venda Nova, e que é aquilo a que em bom português se chama uma endireita. Tem anos de história(s), é visitada por gente de todo o Mundo e com meia dúzia de movimentos já pôs bem o meu mecânico e o filho de uma amiga.
Depois de já ter ido a um osteopata - que são endireitas com estudos - e de ter gostado, resolvi dar uma oportunidade à Dona Luísa.
Disseram-me que tinha de telefonar-lhe logo de manhã bem cedo para conseguir vaga. Liguei, mas não fui rápido o suficiente. O telefone dava impedido ou nem conseguia ligação. Tentei já pelas 9.15 e aí sim fui atendido.
- Bom dia, aqui fala a Tia Luísa (dizem-me do outro lado, num sotaque alentejano simpático)
- Bom dia, eu sou o Bartlomeu e disseram-me para lhe ligar cedo.
- Oiça com atenção o que lhe vai dizer a tia Luísa. Nós começamos a trabalhar às 13 e acabamos às 16. Distribuimos 20 senhas todos os dias e depois, às 16, o meu neto vai à porta e chama até às 17 as pessoas que estão sem senhas, por ordem de chegada.
A lógica da coisa, já me tinham dito, é que não há preço pelos serviços. Tão só, cada um paga aquilo que pode e entende dever pagar.
Pelas 15.40 lá me fiz à morada que me deu. Lá chegado deparei-me com uma porta aberta a dar para um mini corredor com quatro cadeiras de cada lado. Tudo antigo, zero de luxos. Havia uma senhora à minha frente (seria o segundo, portanto) e logo depois chegou uma outra que parecia muito atacada por dores (não percebi se no peito, se numa mão se, até, de torcicolo).
Esperei a vez, ouvi a história de uma endireita em Alverca para a qual era-preciso-ir-quase-de-véspera-e-ainda-se-pagava-40-euros-mas-que-era-muito-boa.
Confesso que senti um frio no estômago. Afinal, a osteopatia é coisa séria (tão séria que a Austrália está a pedir imigrantes que sejam osteopatas) e sabendo eu que ali iria encontrar algo parecido, tendo eu as melhores referências positivas, não deixava de pensar que podia estar a fazer um enorme disparate.
Chegou a minha vez e com enorme simpatia o neto da Tia Luísa veio à porta. Entrei para uma sala igual a uma sala de estar de uma tia, com um sofá, umas cadeiras, algum material. A Tia Luísa disse-me: caro Bartlomeu, vai contar ao meu neto as suas queixas e a Tia Luísa vai estar aqui a ouvir.
Lá lhe expliquei o que sentia, o que tive no passado - e bem, porque entretanto li sobre o assunto e já tinha feito fisioterapia ao outro pé. Senti confiança quando me começaram a fazer perguntas sobre fascite, esporão de calcâneo e tendinites - afinal, sabia que seria algo do género a provocar-me as dores.
Ao fim de dois ou três toques do neto no pé direito, o diagnóstico: vários ossos e ligamentos fora do lugar, o que levava a mau apoio do pé e, por consequência, a encontrar posições defensivas que tudo pioravam. Passagem de dedos pelos ossos afectados, alguma força, ligeira dor suportável. No final, a olho nu até eu via que a configuração do tornozelo estava diferente.
Operação repetida no outro pé, este em melhor estado, lá me disseram, e uma série de conselhos escritos para tentar resolver o problema que ali não era curável (a tendinite).
Saí pelo meu pé, com a sensação de estar com apoio diferente do pé, mas sem certezas de ter resolvido o problema. A verdade é que quando recorri a um osteopata, também demorei uma semana a sentir resultados e andei desconfiado de ter deitado dinheiro à rua - para, com alguma surpresa, constatar semanas depois que afinal de contas aquilo tinha resultado.
Já me tinham falado da Dona Luísa, que atende ali para os lados da Venda Nova, e que é aquilo a que em bom português se chama uma endireita. Tem anos de história(s), é visitada por gente de todo o Mundo e com meia dúzia de movimentos já pôs bem o meu mecânico e o filho de uma amiga.
Depois de já ter ido a um osteopata - que são endireitas com estudos - e de ter gostado, resolvi dar uma oportunidade à Dona Luísa.
Disseram-me que tinha de telefonar-lhe logo de manhã bem cedo para conseguir vaga. Liguei, mas não fui rápido o suficiente. O telefone dava impedido ou nem conseguia ligação. Tentei já pelas 9.15 e aí sim fui atendido.
- Bom dia, aqui fala a Tia Luísa (dizem-me do outro lado, num sotaque alentejano simpático)
- Bom dia, eu sou o Bartlomeu e disseram-me para lhe ligar cedo.
- Oiça com atenção o que lhe vai dizer a tia Luísa. Nós começamos a trabalhar às 13 e acabamos às 16. Distribuimos 20 senhas todos os dias e depois, às 16, o meu neto vai à porta e chama até às 17 as pessoas que estão sem senhas, por ordem de chegada.
A lógica da coisa, já me tinham dito, é que não há preço pelos serviços. Tão só, cada um paga aquilo que pode e entende dever pagar.
Pelas 15.40 lá me fiz à morada que me deu. Lá chegado deparei-me com uma porta aberta a dar para um mini corredor com quatro cadeiras de cada lado. Tudo antigo, zero de luxos. Havia uma senhora à minha frente (seria o segundo, portanto) e logo depois chegou uma outra que parecia muito atacada por dores (não percebi se no peito, se numa mão se, até, de torcicolo).
Esperei a vez, ouvi a história de uma endireita em Alverca para a qual era-preciso-ir-quase-de-véspera-e-ainda-se-pagava-40-euros-mas-que-era-muito-boa.
Confesso que senti um frio no estômago. Afinal, a osteopatia é coisa séria (tão séria que a Austrália está a pedir imigrantes que sejam osteopatas) e sabendo eu que ali iria encontrar algo parecido, tendo eu as melhores referências positivas, não deixava de pensar que podia estar a fazer um enorme disparate.
Chegou a minha vez e com enorme simpatia o neto da Tia Luísa veio à porta. Entrei para uma sala igual a uma sala de estar de uma tia, com um sofá, umas cadeiras, algum material. A Tia Luísa disse-me: caro Bartlomeu, vai contar ao meu neto as suas queixas e a Tia Luísa vai estar aqui a ouvir.
Lá lhe expliquei o que sentia, o que tive no passado - e bem, porque entretanto li sobre o assunto e já tinha feito fisioterapia ao outro pé. Senti confiança quando me começaram a fazer perguntas sobre fascite, esporão de calcâneo e tendinites - afinal, sabia que seria algo do género a provocar-me as dores.
Ao fim de dois ou três toques do neto no pé direito, o diagnóstico: vários ossos e ligamentos fora do lugar, o que levava a mau apoio do pé e, por consequência, a encontrar posições defensivas que tudo pioravam. Passagem de dedos pelos ossos afectados, alguma força, ligeira dor suportável. No final, a olho nu até eu via que a configuração do tornozelo estava diferente.
Operação repetida no outro pé, este em melhor estado, lá me disseram, e uma série de conselhos escritos para tentar resolver o problema que ali não era curável (a tendinite).
Saí pelo meu pé, com a sensação de estar com apoio diferente do pé, mas sem certezas de ter resolvido o problema. A verdade é que quando recorri a um osteopata, também demorei uma semana a sentir resultados e andei desconfiado de ter deitado dinheiro à rua - para, com alguma surpresa, constatar semanas depois que afinal de contas aquilo tinha resultado.
Comentários
Recomendo a todos
Que Deus lhe dê muitos e longos anos de vida!
Quase me vi no seu lugar ao ler o relato.
gostaria de marcar uma consulta
sem outro assunto aguardo resposta obrigada
Entrei numa sala cheia de santinhas ela mandou me sentar num banco e tocou me no pescoço e disse que já estava, eu respondi mas eu não senti nada e ela diz - está a duvidar da tia? Lol obviamente que fiquei igual nem melhor nem pior o tempo acabou por curar
Alguém conhece um dr Coimbra também da Pontinha?
Tenho pelo menos 2 experiencias fantásticas com o Bruno, neto da Tia Luisa :)
1ª foi com o meu marido, que andava há 6 meses a fazer fisioterapia e a tomar medicamentos para as dores (já tomava medicação da mais forte, desde comprimidos, injeções constantes, etc) e nada lhe fazia efeito... Para andar qualquer coisa só mesmo com muletas e mal... Até que decidiu a medo ir ao "endireita" - a melhor coisa que lhe aconteceu!
Chegou lá, num ambiente simples e descontraído foi atendido pelo Bruno, que despois de ouvir as queixas do meu marido lhe "mexeu" na anca e lá desbloqueou alguma coisa, o meu marido diz que sentiu algo a libertar-se.. A indicação do Bruno foi que durante uma semana sentiria formigueiro e depois passaria, assim foi! Nunca mais precisou de muletas nem medicação.
2ª eu propria ao fim de dias sem conseguir mexer a cabeça sem que tivesse dores na zona das costelas, lá fui... senti melhoras logo de imediato e a recomendação foi para tomar um anti-inflamatorio porque tinha ficado muitos dias assim e tinha inflamado. No hospital, quando fui antes disto, o que fizeram? Nada, deram-me medicamento para as dores para ver se passava.
Que a vida permita ao Bruno ajudar ainda muita gente e espero que um dia alguém lhe siga as pisadas, que o mundo precisa de gente assim!