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A necessidade de saber

Talvez seja de ser jornalista, talvez seja de ser apenas curioso. Talvez seja de não ter mais com que me preocupar. Preciso, e isso é algo que nem eu me atrevo a negar, de saber o que se passa. O que se passou. Uma frase, dita ontem entre dois palpites sobre primeiras páginas, prendeu-me a atenção. "Está fechada, a janela. Se calhar morreu..." Quem é que morreu? "O velhote que morava ali. Estava sempre à janela, mas agora a janela tem estado fechada..." Irra, morrer, o velhote? nâo pode. Quer dizer, pode. Mas... vamos pensar que é do frio. Que estar descalço com este frio é exercício violento. Não, não pode ter morrido. Quer dizer, pode, sim, claro, mas... assim, sem avisar? Sem nos deixar condoídos? Deixando-nos culpados por não termos sabido antes? É do frio, sim, tem de ser... Esperemos. Caso contrário, quem vai ouvir, hoje, ali, o relato do Benfica? Logo no dia em que o Benfica pode chegar à liderança do campeonato três anos depois... Está frio, sim, é isso. Est

Deste segundo andar (quase direito)

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Vejo a vida passar. Oiço os caloiros cantarem com os veteranos. Vejo os dois brasileiros, descalços, cada um com a sua televisão, cada um com a sua cama, os dois com o mesmo quarto, os dois juntos, os dois sós, os dois com a mesma certeza de que emigrar não foi a melhor solução. Vejo o velhote que quase nem se mexe, que ouve o Benfica no seu rádio a pilhas, que vê, como eu, a vida passar nos restaurantes e bares logo abaixo. Vejo, como o velhote do rádio a pilhas - com a diferença única de estar do outro lado da rua - os casais aborrecidos que tentam encontrar consolo num jantar na esplanada de um restaurante caro e de comida banal. Quase os oiço dizer, "então, môr, que vais comer?" mesmo antes de se calarem por não terem mais o que dizer um ao outro e de o disfarçarem fingindo que os olhares não se cruzam porque estão a ver algo fantástico como... bom... um pombo a rondar a mesa do lado. Quase os oiço dizerem repetidamente que aquele é um bairro fantástico, jovem, com espíri