Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2020

O top-5 dos meus concertos

Dei por mim a pensar, agora mesmo, quais os concertos que mais me marcaram. Comecei por escolher três, mas logo saltei para os cinco. As datas não serão exatas, mas cá vai a lista The Cure - Estádio de Alvalade - 1989 Tinham acabado de lançar o álbum Disintegration e eu vivia uma primeira (ou segunda) paixão. Fui com o meu amigo Nuno Ricardo e, putos anjinhos, saímos antes de um dos encores porque achámos que tinha acabado. O melhor álbum da minha vida, no concerto que durante mais tempo me marcou. E ainda tenho saudades dele... The Pogues - Coliseu dos Recreios - 1988 (?) Fui com a Catarina Serpa, a Inês e um colega - talvez o Marcos?. Andava na Escola secundária e não conhecia bem a coisa. Fui por causa da Inês, sobretudo, e saí de lá esmagado por um concerto em que o Shane McGowan perdeu a aliança de casamento e andou de joelhos a gritar ao microfone "my ring, I lost my ring...". No fim, subimos a pé a calçada da Glória para levar a Catarina a seu pai, que, estando a traba

covid-19 (dia 59 - 11/05) - Olhos

Ontem fui pela primeira vez a um supermercado daqueles grandes, mesmo grandes. Mais. Fui a um supermercado quando já é obrigatório andar-se de máscara para entrar em lojas, mesmo que seja nos cabeleireiros - uma amiga hoje foi ao cabeleireiro de máscara e entre acertar patilhas e o camandro lá lhe cortaram um elástico da máscara. É um novo Mundo e ao fim de (quase) 47 anos apercebo-me de que talvez sempre tenha olhado da forma errada para as pessoas. Os olhos, senhores, os olhos... De repente não há gente feia. Nem nova ou velha. Há gente de máscara, com olhos bonitos ou com olhos que não se deixam ver.  Na rua, quase todos andam de máscara, a tapar o rosto (tirando os que com ela tapam apenas a garganta) e esta nova realidade ainda me baralha. Na verdade, e pensando bem em tudo o que estamos a passar com o novo coronavírus, porque  motivo não devemos andar sempre (mesmo sempre) de máscara? Afinal, sabemos lá nós quando aparece (e onde) um novo vírus qualquer... Hoje dei por mim a pens

covid-19 (dia 57 - 9/05) - Farto, pela primeira vez...

Como é que se explica isto? Chego ao fim do dia farto. Não é que eu esteja farto de trabalhar em casa. Simplesmente, o trabalho feito de casa chateia mais. E chateia mais quando tens vários colegas em lay-off e entre lay-offs e folgas dás por ti a ser responsável pelo dobro das coisas que normalmente tens para tratar. A mim o que mais me chateia é deixar pessoas à espera de que eu lhes distribua trabalho. Sinto-me incompetente, mesmo que nao esteja a sê-lo, e a desperdiçar o tempo dos outros. A verdade é que mais uma vez, são 22.30 e tudo o que tinha para assegurar hoje está assegurado. Ou seja, eu mereço que me continuem a pedir as missões (quase) impossíveis. Hoje voltámos a juntar os dois avôs ao almoço cá em casa. Frango assado consegue ser um belo pitéu nestes momentos e hoje até houve leite creme feito ontem à noite. Na verdade, cada vez mais acho que vivo para estes momentos em família. Ontem, eu e a SS começámos a ver o The Leftovers na HBO. Foram 68 minutos de primeiro episódi

One Hundred Years

"It doesn't matter if we all die" Assim começa a canção One Hundred Years, dos The Cure. Por estranho que possa parecer o desprendimento, a verdade é que só há uma coisa verdadeiramente triste na morte e essa é a saudade que fica em quem fica...

covid-19 (dia 55 - 7/05) - Vacinas, barbeiro...

Ontem (acho que foi ontem e se não foi ontem é como se tivesse sido ontem) sentei-me pela primeira vez descontraído em frente à TV para ver uma série. Escolhi o After Life, do Ricky Gervais (no Netflix), e a hora errada. A coisa até estava a correr bem (se é que algo corre bem no After Life), mas o mais velho cá de casa entrou aos gritos pela sala: "Aula de ginástica". Uma aula síncrona - das melhores coisas que a escola fez neste período - a cortar-me o único momento de descontração que me permiti nestes 55 dias. Nada de grave. Vi depois mais uns quantos, mas ando cá a matutar que se calhar eu e a minha querida mulher se calhar pensámos mal quando decidimos ter uma só TV em casa, e na sala. Isto leva a que não tenhamos um local para nós. Quando os miúdos querem jogar PlayStation lá ficamos sem sala. E andamos pela casa sem pouso a que possamos chamar nossos. Fosse o tempo outro, até comprava uma TV para meter no escritório e passava para lá a PlayStation. E livrava-me dos pu

covid-19 (dia 51 - 3/05) - Dia da mãe

Dia da mãe. Cá em casa assinalado com dois postais. Um escrito e desenhado por ele; outro pré-comprado (de flores) a que ela colou autocolantes bonitos e aos quais se juntou uma frase que lhe saquei. Dia da mãe. Saudades da Zé. E da Manuela que nunca conheci. Um vazio grande na nossa vida. E a certeza de que nestes tempos tão incertos, os meus filhos estão bem servidos de uma. Que os adora. Que os ama. Que os atura. Que não os atura. Que é tão humana quanto uma mãe pode ser. Que eu amo, claro. E amarei. Não consegui algo mais que esses desenhos, esses postais. E, na verdade, é preciso algo mais? São 51 dias disto e hoje a mais nova perguntou: quando é que o corona acaba. Respondemos-lhe: se tudo correr muito bem (não temos certezas disso, mas esperamos que sim) daqui a 30 ó-ós voltas à escola. Já passou mais de metade e mesmo sendo muito tempo, pode ser que esteja para acabar. Entretanto a Espanha vai alargar por mais 15 dias o Estado de Emergência. Enquanto nós continuamos cheio

covid-19 (dia 49 - 1/05) - "Vão sem mim que eu vou lá ter"

Imagem
Amanhã são já 50 dias de quarentena. Caramba! Já quase nem me lembro dos primeiros tempos, aqueles em que temi não ter comida para os miúdos e perdi 2 kgs numa semana. Não esqueço a discussão que tive com um amigo que recusava teletrabalho aos seus funcionários, nem o pânico que senti de estar infetado, porque foram situações em que me vi a perder o controlo das minhas emoções - cheguei mesmo a pensar de forma consciente que estava em risco de ter um ataque cardíaco, tais os nervos sentidos. Agora que já se sabe que a partir de segunda feira começa um programa de desconfinamento progressivo em Portugal, que vai ser obrigatório entrar em lojas e transportes públicos com máscaras, que dia 30 de maio (belo dia) regressa o campeonato da I Liga (se nada obrigar a adiar a coisa), começo a perceber em muita gente um nervoso miudinho para voltar à rua, para voltar ao lufa-lufa, à normalidade pré Covid-19. E eu tenho cada vez mais certo para mim só saio obrigado e que vou tentar mant