covid-19 (dia 59 - 11/05) - Olhos

Ontem fui pela primeira vez a um supermercado daqueles grandes, mesmo grandes.

Mais. Fui a um supermercado quando já é obrigatório andar-se de máscara para entrar em lojas, mesmo que seja nos cabeleireiros - uma amiga hoje foi ao cabeleireiro de máscara e entre acertar patilhas e o camandro lá lhe cortaram um elástico da máscara.

É um novo Mundo e ao fim de (quase) 47 anos apercebo-me de que talvez sempre tenha olhado da forma errada para as pessoas. Os olhos, senhores, os olhos... De repente não há gente feia. Nem nova ou velha. Há gente de máscara, com olhos bonitos ou com olhos que não se deixam ver. 

Na rua, quase todos andam de máscara, a tapar o rosto (tirando os que com ela tapam apenas a garganta) e esta nova realidade ainda me baralha. Na verdade, e pensando bem em tudo o que estamos a passar com o novo coronavírus, porque  motivo não devemos andar sempre (mesmo sempre) de máscara? Afinal, sabemos lá nós quando aparece (e onde) um novo vírus qualquer...

Hoje dei por mim a pensar que talvez fosse bom voltar a trabalhar na redação do jornal. Talvez... Acho que na verdade o que quero é alguma segurança. Sentir que o pior passou e que sobrevivemos (por um lado) e que os nossos empregos também (por outro). Mas continuo a dizer que me dou bastante bem com esta coisa de trabalhar em casa.

Ando cansado, o que é natural. Nem tanto pelo esforço que faço, mas pela falta de exercício físico. Acordo todos os dias com os músculos a doer. E preocupado. Porque depois de perder 2 quilos (até aos 76 kgs) nas primeiras duas semanas de confinamento, estou agora com 79,5 kg. Para quem já foi obeso mórbido, acreditem, a ideia de aumentar um quilo é um susto. Se chegar aos 81 obrigo-me na hora a passar fome durante uma semana...

"E se estão a engordar-nos para nos depois comerem?" perguntava com graça um amigo há não sei quantos dias.

O número de casos de Covid-19 em Portugal (quase não cresceu) menos de 1 por cento de ontem para hoje. Estamos naquela fase em que ninguém sabe o que vai acontecer com o desconfinamento. E, ao mesmo tempo, todos a querermos voltar a ir a cinemas, restaurantes, etc. Por causa disso mesmo - e porque eu nisto sou meio medricas e prefiro esperar para ver como corre a coisa antes de dar o peito aos vírus - ontem, na tal ida ao super-super mercado comprei sushi para comer em casa. 

E, mais de dois meses depois, soube-me pela vida...

Já hoje fiz arroz de polvo, para compensar a mais nova pelos seus desejos. A ideia de comer o molusco agradou à petiz, que deu pulos e celebrou durante dois dias - porque a informei de véspera. Ao provar, no entanto, matou-me: não goto deste arroz. As cozinheiras da escola fazem melhor (em abono da verdade só o disse depois de rapar todo o polvo do prato, deixando apenas o arroz).

Sobre isto, noto grande diferença desta miúda para mim e para a mãe: sempre guardei o melhor para o fim (o creme da bola de berlim, a gema do ovo, etc), já ela come primeiro aquilo de que gosta, e deixa para o fim o que tolera (ou não).

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