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A mostrar mensagens de dezembro, 2014

Lidar com as saudades

Às vezes penso que sou de ferro, que sou um insensível que tantas e tantas vezes nem consegue sentir o pulsar de um dia, quanto mais o da morte da mãe. Depois vem o dia em que faz dois anos, e o momento de quebra. Sem qualquer responsabilidade, ocorreu pelas 17 horas, quando, a brincar o meu filho me acertou com uma palmada forte na cabeça. Lembro-me de olhar para ele, ele para mim, de nem lhe ter ralhado. De querer dizer-lhe que tinha batido com força e que isso não se fazia, mas de não conseguir soltar palavra. Foi esse o momento em que se esvaiu de mim a energia que me tem mantido sereno, aparentemente desligado, ao longo deste segundo ano. Agora sim, passou o segundo ano. No primeiro sofri muito todos os dias. A toda a hora. No segundo passei quase ao lado, como que a compensar-me pela perda. Entrámos no terceiro, e agora? PS: durante o dia, muitas pessoas de quem gosto quiseram telefonar-me, mandaram sms, etc. Senti-me como se fizesse anos alguém e me quisessem dar os para

Vai ser uma mana...

Eu e a S. decidimos conferir alguma solenidade ao acto de informar o G. de que o resultado da ecografia morfológica confirmou aquilo de que já vinhamos suspeitando: que o bebé que lá vem é uma menina. Como quem não quer a coisa, a S. veio ter comigo perto do meu trabalho e levámo-lo ao "cóscurante da menina" que é nem mais nem menos que um H3 onde ele fez amizade com uma das empregadas (uma cena deliciosa, diga-se). Sentado à mesa, entre uma dentada num croquete e um disparate, lá decidimos levar a cabo o plano. S -  Sabes, G, eu e o pai fomos ao doutor da mamã G - Fomos? S - Não, eu e o papá é que fomos, tu não. Eu - E sabes o que é que o doutor disse? G - Sim. S e Eu - Sim? O quê? G - (Silêncio) S - Bom, o doutor esteve a ver o bebé na televisão e disse que é uma menina. Vais ter uma mana. E vai chamar-se D. G - (silêncio; boca aberta, sustém a respiração durante cinco segundos, depois de o lábio de baixo tremer como se fosse chorar) Mmm, mm, mas eu vou ter um

A voz

Quando a minha mãe morreu, está quase a fazer dois anos, tive uma preocupação daquelas tolas, que só tem quem perde os que ama. E se um dia esquecesse a sua voz? Gravei-a, pois, para me assegurar de que tal não aconteceria. Tenho no meu email, para nunca perder, o ficheiro de som com a única voz que dela podia, então, ouvir. "Fala a Zé. De momento não posso atender. Deixe mensagem." Das primeiras vezes que ouvi chorei. Descontrolado, talvez. Gravá-la, aliás, já foi sinal de descontrolo, diria hoje. Mas, raios, quem quer controlar-se depois de perder a mãe? Contei-o à S. e ela disse-me que não precisava. Que não esquecia a voz dela. E que eu também não esqueceria. Eu tinha esse receio, sim. Mas hoje apercebi-me de que a S. estava certa. A voz que ouvi era igual à que oiço tantas vezes no silêncio quando quero recordar a minha mãe, O texto, esse, é que é sempre o mesmo. Talvez por ser o que tenho à mão. Dia 26 assinala-se o segundo aniversário da partida dela. Não cons

Marketing para totós

Há mês e meio pedi orçamentos a vários ginásios. Um deles, do grupo Holmes Place, que me agradou, queria cobrar-me nos dois primeiros meses mais de 70 euros. Optei por outro, com o qual estou satisfeito. Hoje recebi um sms do tal HPba dizer que tem uma campanha em que cada um dos dois primeiros meses sai a 15 euros. Que giro, muita coisa mudou. A principal das quais que eu já estou inscrito noutro ginásio onde me sinto bem. Ontem ainda recebi um telefonema do Meo. Queriam falar-me das vantagens de comprar um telemovel qualquer com os pontos acumulados. Lá lhes expliquei que sou informado e que se quiser um dos telemóveis que vendem consigo comprá-lo mais barato sem ajuda deles e sem gastar pontos. Às vezes acho que a malta que pensa as promoções pensa que somos todos burros...