Lidar com as saudades

Às vezes penso que sou de ferro, que sou um insensível que tantas e tantas vezes nem consegue sentir o pulsar de um dia, quanto mais o da morte da mãe.

Depois vem o dia em que faz dois anos, e o momento de quebra. Sem qualquer responsabilidade, ocorreu pelas 17 horas, quando, a brincar o meu filho me acertou com uma palmada forte na cabeça.

Lembro-me de olhar para ele, ele para mim, de nem lhe ter ralhado. De querer dizer-lhe que tinha batido com força e que isso não se fazia, mas de não conseguir soltar palavra.

Foi esse o momento em que se esvaiu de mim a energia que me tem mantido sereno, aparentemente desligado, ao longo deste segundo ano. Agora sim, passou o segundo ano. No primeiro sofri muito todos os dias. A toda a hora. No segundo passei quase ao lado, como que a compensar-me pela perda. Entrámos no terceiro, e agora?

PS: durante o dia, muitas pessoas de quem gosto quiseram telefonar-me, mandaram sms, etc. Senti-me como se fizesse anos alguém e me quisessem dar os parabéns. Bem sei que não era o caso, mas senti-me desconfortável. Talvez, pensando bem, porque me fizeram sentir que era verdade. E eu talvez precise mesmo disso...

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