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A mostrar mensagens com a etiqueta Caçador de Vampiros

A Dama (e o Vagabundo)

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O primeiro cão de que tenho memória é o Dick. Nunca parei para pensar como se escreveria o seu nome, até porque na altura nem ler sabia, mas o Dick era um cão preto, rafeiro, porte médio, que vivia em casa dos meus avós Dulce e Luís. Era o cão mais pacato da história.  Os putos saltavam-lhe para cima e faziam dele cavalo e o pobre Dick nem ladrava. Andava até ao canto onde ficava a sua manta e deitava-se. Lembro-me de outros cães que me marcaram. O Taipan, um boxer maravilhoso, do Duffy, um louco que eu ia buscar a casa dos meus avós para passear e que tratava como meu. E de mais uns quantos. Mas no top-3 dos que mais me marcaram estão estes. Que ainda hoje admiro e tenho por amigos, embora há muito tenham ido para Timbuktu.   Dito isto, importa explicar que sempre, na minha vida, o amor de/e por um cão foi algo presente. Não querendo dizer que sou boa pessoa, acho que serei melhor pelo que aprendi com os animais. O respeito, a lealdade e a confiança. A amizade,...

A voz (avós?)

Em 2012, de "herança" calhou-me o telefone da minha mãe. Lembro-me bem de ligar para lá, de ouvir a voz dela: "Ligou para os Zés. De momento não podemos atender. Deixe mensagem". Gravei o som. Achava eu que ia esquecer aquela voz. Disse-me a Suz que isso jamais aconteceria. E é verdade. Ainda hoje a voz aqui está. Sempre, e só, sob a forma dessa mensagem, é verdade, mas está. E se é para deixar hoje uma mensagem, é fácil: tenho saudades tuas! Parabéns!

"Não te acho lá muito bonito"

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Há dias fiz questão de lembrar o meu mais velho de que a pessoa mais gira e fixe do Mundo em breve faria anos, e fi-lo sem mencionar o meu nome - na esperança de que ele adivinhasse... Lá chegou, com maior ou menor dificuldade, o que nos levou para uma deliciosa conversa que faço questão de passar a escrito, para que quando a memória nos atraiçoar, possamos recordá-la... - Porque é que te riste quando eu disse que era a pessoa mais gira do Mundo a fazer anos? - Porque não te acho lá muito bonito. - Como não? O que é que me falta para ser bonito? - Sabes? acho que  não tens lá muito estilo. - Não tenho estilo? Então o que é ter estilo? - É ser assim como os Elfs. - Os Elfos? - Sim, os Elfs. - Mas do que estás a falar? O que têm os Elfos de especial? - Então, têm muitos dourados. Têm aquelas roupas brancas, às vezes azuis, com muitos dourados. - Os elfos têm roupas azuis? - Sim, com dourados. E mexem-se muito bem. São magrinhos, também. - Então mas ser magrinho é...

A propósito de "autista" não ser adjectivo

Todos já teremos dito, um dia, que alguém era autista, ou se comportava como um autista, por ser teimoso, por não ouvir os outros, etc. Pois há dias deparei-me com um texto que mudou a minha forma de relacionar-me com a palavra. E agora evangelizo, até, quem oiço dizer que alguém é autista. Fica o desafio para os meus amigos que tiverem paciência de ler-me. " Se os meus amigos tiverem paciência gostava que lessem este post até ao fim. Apesar da própria Assembleia da República ter abolido a utilização da palavra "autista" do truculento debate parlamentar, a verdade é que a mesma persiste em ser usada para qualificar pessoas que se estão nas tintas para as opiniões alheias e que preferem, numa determinada situação, viver isolados do mundo. Este é um conceito que cresceu durante décadas em que o desconhecimento sobre o autismo era enorme e em que se considerava que os autistas gostavam de habitar o seu 'próprio mundo'. Com a explosão do autismo nos últi...

Vai ser uma mana...

Eu e a S. decidimos conferir alguma solenidade ao acto de informar o G. de que o resultado da ecografia morfológica confirmou aquilo de que já vinhamos suspeitando: que o bebé que lá vem é uma menina. Como quem não quer a coisa, a S. veio ter comigo perto do meu trabalho e levámo-lo ao "cóscurante da menina" que é nem mais nem menos que um H3 onde ele fez amizade com uma das empregadas (uma cena deliciosa, diga-se). Sentado à mesa, entre uma dentada num croquete e um disparate, lá decidimos levar a cabo o plano. S -  Sabes, G, eu e o pai fomos ao doutor da mamã G - Fomos? S - Não, eu e o papá é que fomos, tu não. Eu - E sabes o que é que o doutor disse? G - Sim. S e Eu - Sim? O quê? G - (Silêncio) S - Bom, o doutor esteve a ver o bebé na televisão e disse que é uma menina. Vais ter uma mana. E vai chamar-se D. G - (silêncio; boca aberta, sustém a respiração durante cinco segundos, depois de o lábio de baixo tremer como se fosse chorar) Mmm, mm, mas eu vou ter um...

Olha, vais ter um mano (um momento lindo em família)

Domingo de manhã. Família deitada, um plano por cumprir. Pai - olha filho, põe a mão na barriga da mãe. Mãe - o pai e a mãe têm uma coisa para conversar contigo. Já viste que a barriga da mãe está grande? Sabes o que è? Filho - sim. É da comida. Mãe - então se eu acordei agora e não comi, como pode ser da comida? Que pode ser mais? Filho - é um bebé? (Disse a sorrir) Mãe - sim. Pode ser um mano ou uma mana. Filho - tu tens um bebé na barriga? (Sorriso a crescer) Mãe - sim e podes ir falar com ele quando quiseres, para ele saber que estás aqui. Filho - (curva-se todo, falando para a barriga) olá mano. Eu sou o Gabriel. Depois quando tu cresceres já podes brincar comigo... Mãe - sabes tu tens uma doutora Teresa e a mãe tem um doutor Miguel... Filho - e o pai como se chama o dr. Dele? Pai - Leonor é a dra Leonor. Mãe - amanh...

O segundo filho gera mais expectativas que o primeiro

Isto dito de forma mais simples é "vou ser pai pela segunda vez", mas isso é tão simplista que fica já combinado que jamais o direi desta forma. Seja a quem for, em que circunstância for. O significado da repaternidade  é algo que nem eu nem a S. conseguimos ainda interiorizar. Sempre o quisemos - das primeiras vezes que falámos do assunto tínhamos até nomes para três, mas a idade de um e de outro já o desaconselha - e foi com alegria que ficámos a saber que lá para abril do próximo ano cumprimos aquela suposta obrigação de deixar no Mundo tantos quantos fomos (como se isso fizesse falta alguma num planeta sobrepovoado como o nosso). Mais do que isso, eu filho único me confesso (poderia confessar também a S., igualmente filha única): o que fizemos foi dar um salto para algo que desconhecemos em absoluto. E isso preocupa-me vezes sem conta. Claro que tive primos e amigos com irmãos, que percebo o conceito de uma vida a quatro numa casa, mas experiência tenho zero. Jamais t...

Porque há dias para lembrar

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Descobri esta versão de uma canção dos Arcade Fire que tantas vezes usei para adormecer o G. Na verdade, foi o G que a descobriu, com a mãe, e daí até mim foi um pulinho, «In an ocean of noise I first heard your voice Ringing like a bell As if I had a choice, oh well!» PS: Este é um dia feliz (ao contrário do resto não transcrito aqui da letra desta canção)

Do sono, da sua importância. E de mim

Comemorou-se a 14 de março o dia Mundial do Sono. Que chatice, pá, há dias para tudo. Até para o sono. Isto é tão chato que me dá sono. Noutros tempos acho que poderia bem ter dito algo como o que escrevi na frase anterior. No entanto, este dia Mundial do Sono, este concreto quero eu frisar, calhou ser um dia especial para mim. E para o meu sono. Pela primeira vez utilizei um Auto CPAP e pela primeira vez em vários anos dormi uma noite inteira sem ressonar e sem apneias. Nada mau, para quem antes fazia mais de 130 por noite, com paragens respiratórias entre 22 e 36 segundos. Esta noite, pela primeira vez em vários anos, dormi descansado. Acordei sem sono e à tarde, depois de almoço, não adormeci a ver um jogo da Liga Alemã de futebol. Falta informação sobre o assunto e não são raras as pessoas que quando ouvem falar do tratamento (prevenção) ficam admiradas. Afinal, muitas sofrem do mesmo, mas dos seus médicos sempre ouviram coisas como "não há nada a fazer". Há s...

Porque o futuro não vem buscar-nos

Ontem enviei um email. E isso há de fazer parte da minha história

23 x 5

Fez ontem cinco anos que encontrei a felicidade. Sou um privilegiado. E todos os dias me lembro disso.

Páh

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Há um ano, tinha o G um mês e uns quantos dias, brindou-me com um sorriso. Na verdade, para ser exacto deveria ter escrito com O sorriso, carregando mesmo no "shift" para tornar o "o" em maísculo, uma vez que aquele sorriso foi o primeiro que a pequena criatura esboçou depois de nascer. Hoje, um ano volvido sobre esse dia, houve muito mais que um sorriso, houve também sorrisos para muito mais gente que para mim, e tudo isso foi magnífico. Como o foi o cartão que na creche as educadoras prepararam para mim, com a colaboração do G. Posso dizer sem arriscar muito que este foi o primeiro dia do pai em que alguém me chamou pai e me sorriu ao mesmo tempo. No próximo - daqui por um ano - alguém há de sorrir, chamar pai e fazer algo mais; e daqui por dois anos em vez de três pérolas para recordar terei quatro, ou cinco, ou seis. Quando se é pai, há um desafio que assume prioridade sobre todos os outros na vida: viver sempre mais um dia, mais um ano, para ver sempre mais ...

I can fly!

Um ano depois, sobre um ano depois

Engraçado o David Fonseca cantar isto, este ano. Muito mesmo

Um ano a sorrir

Mil. E uma (oportunidades)

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Oportunidades tive mil. Mil e uma, talvez. Não nasci em berço de ouro, não me faltou nada. Tudo o que tive foi tudo o que quis. Por vezes não na hora em que mais o queria, mas tive. Oportunidades tive mil. Mil e uma desperdicei. Segui sempre o caminho errado, quase sempre escolhi mal. Mas oportunidades tive mil. E uma. E uma só, só uma, foi tudo o que precisei para trilhar o caminho certo. Olho para trás, para as mil oportunidades que tive, e lamento cada um dos mil erros que cometi. Para sempre os carregarei. Para sempre lamentarei não ter tido, antes de todas as outras, não mil mas uma, "a" oportunidade que agora me é dada. E porque não há 1002 noites, porque não não eram 102 os dálmatas, percebo, agora - e felizmente não é tarde - a magia do número 1. Que não é de mil oportunidades que os homens precisam. Mas sim de uma. Como a que me foi dada. Agora. E por isso sorrio. Porque me apetece sorrir. Porque sei para onde vou. Por onde quero ir. E sei quem levo comigo.

(as mulheres são velas, os homens papel)

A natureza da vela é arder, a do papel subsistir, para fazer história. O papel tende a fugir da vela quando esta arde e a vela, ao arder, sabe que se consome. Se a chama da vela toca o papel, o destino comum está encontrado. A vela vai-se, cumprindo o destino, e dela fica apenas o que sobra do pavio. O papel e o pavio, queimados, serão pois cinzas. Com o tempo, ninguém conseguirá distinguir o que foi vela e o que foi papel. Bendito o papel que se deixa tocar por uma vela.

Rigoroso exclusivo: o email que Cavaco teme ver na Praça Pública

from Aníbal Silva to date Fri, Jan 4, 2002 at 2:17 AM subject A esposa surda mailed-by correspondenciaconfidencialdapresidencia.pt Um homem telefona ao médico para marcar uma consulta para a sua mulher. A atendente pergunta: - Qual o problema de sua esposa? - Surdez! Não ouve quase nada. - Então, o senhor vai fazer o seguinte: antes de trazê-la fará um teste, para facilitar o diagnostico do médico. Sem que ela esteja olhando, o senhor, a uma certa distância, falará em tom normal, até que perceba a que distância ela consegue ouví-lo. Então, quando vier, dirá ao médico a que distância o senhor estava quando ela o ouviu. Certo? - Está certo. À noite, enquanto a mulher preparava o jantar, o senhor decidiu fazer o teste. Mediu a distância que estava em relação à mulher. E pensou: Estou a 15 metros de distância. Vai ser agora! - Julia, o que temos para o jantar? Nada. Silêncio. Aproxima-se a 5 metros - Julia, o que temos para jantar? Nada. Silêncio. Fica a 3 metros de distânci...

Haaghhh! - Da memória

Onde pode levar-nos um cheiro? No caso, o cheiro a chá preto e à torrada bem tostada em panrico untada com becel A um som! A mim a um som. Eu explico: Esse é o cheiro de uma salinha pequenina. Tão pequenina e tão cheia de livros, que tudo nela era gigantesco. Pelo menos aos olhos de um miúdo que começa a aprender o sotaque british e o vocabulário - que há de valer-lhe ser dos melhores da turma em inglês e que, se não fosse preguiçoso, lhe valeria notas altas, como os outros melhores. Nessa sala, de alcatifa creme, ou beige, ou lá como se diz, há uma cadeira de doutor (daqueles doutores que lêem muito, não dos que mandam meter a língua de fora e dizer demoradamente aaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrr) e uma secretária gigantesca. Cheia de livros. E de documentos. E de desenhos. E, ainda, de um busto em barro do homem hábil que aqui se sentava a trabalhar. Um busto em barro que tinha sido feito pelo próprio e que conservava um tom acastanhado por nunca ter ido a cozer. Lá do fundo - da porta da cozi...

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