Páh

Há um ano, tinha o G um mês e uns quantos dias, brindou-me com um sorriso. Na verdade, para ser exacto deveria ter escrito com O sorriso, carregando mesmo no "shift" para tornar o "o" em maísculo, uma vez que aquele sorriso foi o primeiro que a pequena criatura esboçou depois de nascer.
Hoje, um ano volvido sobre esse dia, houve muito mais que um sorriso, houve também sorrisos para muito mais gente que para mim, e tudo isso foi magnífico. Como o foi o cartão que na creche as educadoras prepararam para mim, com a colaboração do G.
Posso dizer sem arriscar muito que este foi o primeiro dia do pai em que alguém me chamou pai e me sorriu ao mesmo tempo. No próximo - daqui por um ano - alguém há de sorrir, chamar pai e fazer algo mais; e daqui por dois anos em vez de três pérolas para recordar terei quatro, ou cinco, ou seis.
Quando se é pai, há um desafio que assume prioridade sobre todos os outros na vida: viver sempre mais um dia, mais um ano, para ver sempre mais uma vez o nosso filho. É bom desafio, por certo, mas não exclusivo de pais. É possível querê-lo igualmente para ver um amor mais uma vez, para fazer mais uma viagem, para ler mais um livro, até para - se tal for do agrado de quem o faz - cometer mais um crime. No fundo, ser pai faz-nos querer viver mais - lá isso faz - mas não tem monopólio sobre o desejo de consegui-lo.
Assim, ser pai traz objectivos que, para serem únicos, têm de estar relacionados com o filho. Parece exagero, mas não é. Por exemplo, eu quero aprender a lidar com cada birra que o G vai fazendo, com cada alegria que vai tendo, com cada manifestação da sua personalidade, para que um dia o G - mesmo que não passe tanto tempo comigo como eu gostaria, mesmo que reduza drasticamente a quantidade de "brindes" que para mim reserva a cada dia do pai (e para mim todos os dias são dias de toda a gente, como abomino os dias de pai, de mãe, de avô, de isto e daquili), dizia eu, para que a cada dia do pai, e em todos os outros, possa olhar o G, de perto ou de longe, e dizer, com orgulho, que o meu filho é justo e boa gente.
Tudo o resto se resolve...

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