covid-19 (dia 49 - 1/05) - "Vão sem mim que eu vou lá ter"

Amanhã são já 50 dias de quarentena. Caramba!

Já quase nem me lembro dos primeiros tempos, aqueles em que temi não ter comida para os miúdos e perdi 2 kgs numa semana.

Não esqueço a discussão que tive com um amigo que recusava teletrabalho aos seus funcionários, nem o pânico que senti de estar infetado, porque foram situações em que me vi a perder o controlo das minhas emoções - cheguei mesmo a pensar de forma consciente que estava em risco de ter um ataque cardíaco, tais os nervos sentidos.


Agora que já se sabe que a partir de segunda feira começa um programa de desconfinamento progressivo em Portugal, que vai ser obrigatório entrar em lojas e transportes públicos com máscaras, que dia 30 de maio (belo dia) regressa o campeonato da I Liga (se nada obrigar a adiar a coisa), começo a perceber em muita gente um nervoso miudinho para voltar à rua, para voltar ao lufa-lufa, à normalidade pré Covid-19.

E eu tenho cada vez mais certo para mim só saio obrigado e que vou tentar manter todas as rotinas que tenho agora. Ou seja, encomendas de compras online, família recatada.

Se correr mal (espero que não) continuaremos protegidos; se correr bem, então podemos começar a pensar em arriscar - afinal eu sou asmático e o meu pai tem tudo o que é preciso para o vírus atacar forte. Além disso, não acredito em nada que nenhum especialista ande a dizer sobre isto tudo. Mesmo que me incline mais para uns que para outros, a verdade é que ninguém sabe EXACTAMENTE do que está a falar.


Posto isto, confesso que só estou cansado da rotina diária. Os dias são basicamente todos iguais, sobretudo desde que começaram as aulas síncronas do mais velho e entrou em vigor o horário de estudo à distância.

Sinto que não tenho tempo para nada de nada, que venho trabalhar e às 23 horas lá ligo ao meu pai, que durante o dia não teve com quem falar. A essa hora bebo um copo de vinho, ou dois, e tento aproveitar para ainda ver uma série. Raramente conseguimos, porque acontece sempre algo que não está nos nossos planos.

Disso estou farto sim. Disso e de pensar todos os dias que se calhar daqui a uns meses o meu emprego não existe. Às vezes penso que esta pandemia vai matar muitos jornais em Portugal. Pergunto-me se acontecerá, como acontecerá, e o que poderei fazer caso aconteça.

Não tenho respostas. E entretanto mais uns quantos companheiros foram para lay-off. Às vezes isto é tudo tão cansativo que apetece desistir de trabalhar; quase nos faz desejar entrar também em lay-off para poder desligar o cérebro; mas logo me ocorre que se tal acontecesse é que o cérebro nunca mais pararia de pensar...

Uma coisa boa destes dias tem sido a oportunidade de estarmos os dois pais sempre com os miúdos. Acho que temos conseguido educá-los melhor e passar-lhes valores de uma forma consistente.

PS: A nota de humor de hoje remete-nos para há vários dias. Ao fazer o jantar deles (strogonoff) fui confrontado com o facto de não ter natas em casa. Havia só natas com queijo, da Parmalat, que usei, desconfiado... Péssima ideia. O sabor ficou intenso demais. Durante o jantar, o mais velho lá perguntou à mãe se tinha sido ela a fazer. Porquê? Porque o sabor não estava como é normal... (e como ele gosta).

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