Covid-19 (dia-27 08/04) - Sonhar cansa tanto

Tenho sonhado muito. Mesmo muito. É tão cansativo sonhar...

Na noite passada, sonhei que ia viajar. Era uma viagem de finalistas - ou lá o que era, porque eu não era finalista - mas havia condicionantes complicadas, como algum tipo de isolamento social.

Havia distanciamento, mas vá-se lá saber porquê, acabava a falar com outra finalista que não era finalista. De repente estávamos em minha casa, ela acabadinha de tomar banho e só com uma toalha enrolada à volta do corpo. E o meu sogro andava por lá, bem como os filhos. E eu só perguntava: a S. não disse nada sobre quando volta?

Eu estava a cozinhar. E, pelos vistos, preocupado com o paradeiro da minha mulher e a resistir aos apelos de um corpo acabado de banhar e apenas enrolado numa toalha.

No fundo, é isso que o Covid-19 me tem dado. Aproveitar o prazer de estar em família, estranhando a ausência de um de nós. Há tempos sonhei que a S. morria. Era horrível. Chorava desesperado.

Diz que dá mais tempo de vida. E ainda bem.

Parece que a pandemia pode estar prestes a entrar em curva descendente cá pelo reino de Portugal, mas que pode voltar a subir em agosto - e eu que vivo a pensar em agosto de férias no nosso spot favorito.


Hoje aproveitei para medir o mais velho numa das ombreiras da porta da despensa - quando era miúdo assim fazia em casa dos meus avós. Deu um pulo de mais de dois centímetros em cinco meses. Uma brutalidade. E já calça tanto como a mãe.

Os miúdos dão uma trabalheira. Sobretudo, desgastam. Ele é uma matraca. Uma metralhadora capaz de disparar mil palavras por minuto, sempre sobre assuntos que me interessanto tanto como as teorias dele sobre o Fortnite. Ela passou o dia em pijama porque entrou em crash com esta nova forma de (não) vida.

É aflitivo ver uma criança de (quase) cinco anos render-se à depressão. E desesperante que a reunião agendada pela escola através da plataforma Zoom tenha no próprio dia sido cancelada porque, afinal, o Zoom é uma porta de entrada a hackers.

Nos últimos dois dias editei três secções diferentes no jornal. É quase tão divertido como ter um AVC. O nosso cérebro, pelo menos, reage da mesma maneira.


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