Covid-19 (dia-26 07/04) - finalmente, a ver séries

Nos últimos dois dias não passei por aqui. Quer dizer, passei mentalmente, mas no fim acabei por não escrever. Os dias estavam sempre iguais e acho que quis fugir às rotinas: acordar cedo, meter os miúdos a fazer coisas, aturar birras, trabalhar, ir às compras, aturar birras, impedir os míudos de fazer coisas, fazer o jantar (antes tinha feito o almoço, claro), aturar birras e discussões dos putos, deitar os míudos, impedir os miúdos de fazer coisas, obrigar os miúdos a dormir, impedir os miúdos de fazer coisas, depois disto tudo telefonar ao pai por vídeochamada, tentar prever quando acaba a comida e fazer compras, e ir dormir sem ver - mais uma vez - um episódio de uma qualquer série.

Nos últimos quatro dias tudo mudou. Vá, só uma coisa mudou: despachámos a primeira temporada do Fleabag (eram só seis episódios, calma); e ontem ainda vimos o primeiro de Breeders na HBO (uma comédia fantástica sobre a vida de um casal com dois filhos).

Cá por casa, entrámos no registo de a mais nova andar vestida como quer. A ver se não discute porque as cuecas apertam, porque as calças são justas. De manhã já não podemos perguntar-lhe o que quer de pequeno almoço - tem de ser ela a dizer, quando quiser, o que quer.

Está farta das rotinas. E nós das birras. Passou os últimos dois dias de pijama. Não com aquele que usou para dormir, mas outros que lhe apeteceu vestir. Faz de conta que são fatos de treino... Amanhã tem reunião no Zoom com os colegas de escola e a educadora. A ver se arrebita...

No trabalho avançaram lay-offs para alguns companheiros (por enquanto ainda não fui atingido). A incerteza é muita e a tristeza maior. Não pelo lay-off, que é uma medida inteligente para fazer face à quebra de receitas, mas pelo cenário que se adivinha depois de passar a pandemia (se é que a pandemia vai passar assim tão rápido).

Ontem parei os olhos na notícia de que um tigre no Zoo de Nova Iorque tinha testado positivo a Covid-19. E dei por mim a viajar na preocupação de que o vírus vá sofrendo tantas mutações que se torne invencível e capaz de arrasar a maior parte da vida no planeta.

Um dia de cada vez. É mesmo assim, agora. A ver se amanhã passo por cá. Fiquem bem, fiquem em segurança...

PS: hoje vi um estudo que prevê entre 100 e 1000 mortes na próxima semana em Portugal (ao ritmo atual seriam cerca de 500). O cenário não é bonito, prevê o Imperial College. Mas por cá andamos todos contentes, a dizer que a coisa está a correr muito bem... (esperemos que sim...)

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