Ela passava a vida infeliz. A dizer-se infeliz. A sentir-se infeliz. Nada do que tinha era o que queria. Nada do conseguia era o que desejava. Nada do que desejava lhe acontecia. Seguiu o seu caminho. Deixou para trás tudo aquilo em que não acreditava. À medida que se afastava, olhava para trás. Sentia que nunca iria querer voltar. Tinha razão: aquilo lá era vida para ela... No entanto, quanto mais se afastava, mais pensava. Para onde me leva esta caminho? E ia andando. Em círculos talvez, tantas eram as vezes em que voltava ao ponto de partida. Em espiral, talvez, porque na realidade aquilo só parecia o ponto de partida. E pensava. Pensava muito, ela. E tanto pensava - querendo sempre acreditar que o caminho da felicidade era o que trilhava - que estava treinada para não sentir. Apenas para actuar. Um dia, houve um dia - há sempre um dia -, o seu sentir e o seu pensar traíram-na. Olhou-se no espelho e as certezas que sempre teve foram passadas a pergunta. Que só ela poderia responder....