Um olhar com vida
Celeste deve ter entre 18 e 20 anos e nem deve chamar-se Celeste. Deve ser moçambicana e deve estar em Lisboa há pouco tempo. Ou então é angolana, ou cabo-verdiana e sempre viveu por cá. Celeste que por certo nem Celeste se chama estava perdida no Metro da linha azul, no Jardim Zoológico. Queria ir para algum lado que implicava mudar de linha e não percebia nada do metro. Por isso é que digo que deve estar em Lisboa há pouco tempo. A Celeste não Celeste pediu ajuda. Um velhote com ar de simpático ajudou-a. Apontou no mapa da linha onde tinha ela de mudar de estação, explicou-lhe e não mais a largou. Sentou-se ao seu lado, saiu com ela na estação do Chiado, puxou-a para o lado que ela deveria ir. Celeste, a tal que chegou há pouco tempo a Lisboa ou que sempre cá viveu, e que nem deve chamar-se Celeste, foi atrás dele. Mas não queria. Não parecia querer. Antes parecia intrigada com o homem de barbas e headphones brancos para quem olhava compulsivamente, como se quisesse fazer uma pergunt...