Havia um que era o preferido. Há sempre um que é o preferido. Um fazia a "bandeira" no estendal do páteo, o outro sabia dizer de cor o nome de todas as cidades de Portugal. Um era do Sporting, o outro do Belenenses. E, por isso, eu cheguei a ser sócio do Sporting, por influência de um, que me deu a escolher entre ser do Sporting ou do Benfica. O outro, o do Belenenses, dava-me a escolher apenas a prenda que gostaria de receber no Natal, numa peregrinação religiosamente anual à papelaria/loja de brinquedos lá do bairro. E quase nunca me falava de futebol, a não ser que o mal dos portugueses é que são maus no chuto. Nessas alturas, encostava um pau a uma parede e mandava-me chutar a bola na direcção daquela ripa de Madeira, talvez antevendo que um dia eu faça o mesmo ao bisneto dele e, graças a isso, Portugal seja finalmente campeão do Mundo. O do Belenenses via sempre tudo muito à frente, logo é capaz de ser verdade isto que imaginei. O do Sporting, coitado, não tinha tempo pa...