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Um dia (de loucos)

Acordar, ir buscar o carro que está há uma semana na oficina. Pagar 130 contos de arranjo. Ir para o trabalho. Apanhar chuva. Meter uma moeda na máquina do café, esperar que ele saia e só no fim reparar que não há copo. Trabalhar. Almoçar. Esperar que os colegas acabem trabalho para lhes dar mais. Trabalhar. Trabalhar. Ouvir o noticiário. Trabalhar mais um pouco. Deixar reunião a meio para ir adiantar serviço. Ficar a conversar com colegas. Despenteado, com olhar no vazio. Dizer... isto é um milagre!

Aguenta-te, que está muita gente a torcer por ti

In a garden in the house of love, sitting lonely on a plastic chair The sun is cruel when he hides away, I need a sister - I'll just stay A little girl, a little guy - in a little church or in a school Little Jesus are you watching me, I'm so young - just eighteen She, she, she, she Shine On Shine On Shine On In a garden in a house of love, there's nothing real just a coat of arms I'm not the pleasure that I used to be - so young - just eighteen She, she, she, she Shine On Shine On Shine On I don't know why I dream this way The sky is purple and things are right every day I don't know, it's just this world's so far away But I won't fight, and I won't hate Well not today In a garden in the house of love Sitting lonely on a plastic chair The sun is cruel when he hides away Shine On... Shine On Shine On ....and on...and on... Shine Shine On Shine Shine Shine "Shine on" House of love

O apito

Alguém já o terá dito algures. Mas eu preciso de dizê-lo também: Então os arguidos da Casa Pia ficam detidos porque existe o risco de continuarem a "actividade criminosa" e os senhores do "Apito Dourado" saem todos? Querem convencer-me de que um pedófilo, se saísse da cadeia, iria "comer" criancinhas, mesmo sabendo que podia ser apanhado? E querem convencer-me de que presumíveis curruptos-curruptores-e-traficantes-de-influências não vão, em liberdade, tratar de desmontar as provas que existem contra eles?

De volta ao trabalho

É estúpido voltar a trabalhar num sábado. Mas esta vida é estúpida mesmo... Ainda assim, reitero a resposta que ontem dei à Ana, quando ela me perguntou se eu não estava triste por voltar ao trabalho: "Não... Eu gosto do que faço". Depois acrescentei, para não parecer um doido: "Preferia passar o fim-de-semana em casa contigo e regressar apenas segunda-feira, mas não estou triste por voltar ao trabalho". Depois, pensei no que disse. Quantas pessoas poderão dizer o mesmo?

Outra vez as cobras

O Marco Caetano escreve-me num comentário a um post antigo ("Consciência pesada") a propósito das cobras e das osgas. Confesso que dei um toque humorístico a cada cena e que me sinto um mal por ter morto a cobra no verão passado. Acontece que, na realidade, se o fiz foi por falta de informação. De repente pensei que aquela cobra pudesse ser uma víbora (ainda por cima, tenho mesmo muito medo de cobras). Pensei que era venenosa e que não podia deixá-la em casa e ir trabalhar como se nada fosse. Pensei que se tentasse afugentá-la podia ser atacado por ela. E se ela fosse uma víbora não me apetecia mesmo nada... Entretanto, no Brasil, andei a passear-me num sítio onde existem diversas cobras venenosas. Os índios falaram-me delas e mostraram-me alguns exemplares que encontraram mortos (eles não matam animais). Vi uma surucucu - minúscula - e a maior de todas, curiosamente, nem era venenosa. Quando se sente ameaçada, incha, fica amarelada e desata a abanar-se para assustar os pre

Por falar em tradução

Coloquei a leitura em dia e encontrei aqui as palavras que tantas vezes procurei. Tens razão M. no que escreves sobre o "Lost in translation". Fazes uma caricatura perfeita. Apesar de me ter divertido o filme, já lhe tinha detectado fragilidades. Exageras, como em qualquer caricatura, mas no fundo isso serve só para dizer: "o filme não é tão bom como toda a gente diz". Não foi por acaso que o filme "As virgens suicidas" me passou tão ao lado.

Os índios Pataxó

Antes de mais, Pataxó significa remanescente. Ou seja, os indíos Pataxó da Baía são, hoje, o que resta da cultura india, tão alterada (violentada até) pela presença dos portugueses. Vem esta introdução a propósito da minha visita à reserva da Jaqueira (Porto Seguro) onde os Pataxó procuram reconstituir - para turista ver - um pouco dos seus hábitos. Mais à frente - em Coroa Vermelha - vivem milhares de Pataxó. O objectivo deles é recuperar uma cultura que quase se perdeu. Terão pouco de original ou de exótico estes indios. Afinal, ainda hoje, na Amazónia, existem tribos que vivem quase como há 500 anos. Ainda assim - ou talvez por isso - desta visita nasceu uma sensação de desconforto. Nada de novo, é certo. Todos sabemos que os portugueses exploraram os indios. O que nos deixa desconfortável é percebermos, no local, que essas feridas ainda hoje estão abertas. No segundo dia de férias, um indio, vendedor, pedia - a sorrir - dois reais (60 cêntimos ou 120 escudos) para se deixar foto