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Tão perto

vives. vives na senhora que me esticou um lenço para limpar o ranho do G. vives na minha memória. acho que nunca estive tanto contigo como nesta saudade.

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O G. Já sabe cantar os parabéns a você. Talvez os cante hoje. Para a avó Zé uma salva de palmas... Saudades, mãe...

Das fotos que falam

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Seis meses depois, na parede do quarto finalmente uma composição de fotos. Já no google, a busca pela palavra saudade dá-me milhares de fotos. Das que vi escolho uma retiada daqui

Foi ontem. Foi há 100 anos.

Lá dentro a S. dorme. Na nossa cama o G., com o seu pijama de esqueleto florescente, reage à minha chegada virando-se para o outro lado. São eles, hoje, a minha réstia de felicidade. Hoje, sim. Hoje, que a saudade apertou forte no meu peito, esvaziando-me, como tão bem sabe fazer. Já lá vão quase seis meses, ou ainda só passaram seis meses...

40 anos

Aqui chego, hoje, como se sempre tivesse aqui estado. 40 anos. E, de repente, a percepção de que os 50 são ao virar da esquina, num instantinho chegarão, e que tão para trás, mais do dobro da distância que me separa dos 50, estão as noites loucas em que com o meu amigo J. saía de casa e comprávamos duas garrafas de cerveja de litro, que acabávamos a beber à sombra do luar, no padrão dos Descobrimentos, enquanto falávamos, fantasiávamos, vá dávamos asas ao sonho, de amores que nos consumiam e dos quais agora, passados estes anos, nem os nomes sabemos. Para trás ficam as noites de copos num Bairro Alto em que era fácil encontrar bares atascados, em vez destes de agora todos modernaços, que passaram a ser "espaços". Para trás fica, ainda mais para trás, uma infância inteira. As corridas de caricas, as guerras jogadas com berlindes, as tardes de ludo em que a minha mãe sempre me ganhava porque tinha uma sorte inacreditável. E, no fim, ainda me gozava com a irreverência da crianç

(...)

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Nunca pensei fazer isto. Sempre disse que o cemitério não importa, mas hoje, pela segunda vez tive de visitar-te. As saudades doem muito, mas dói ainda mais pensar que um dia poderia não senti-las...

Da saudade (na Páscoa)

Já não me lembrava, nem sei mesmo se sabia, que há lágrimas tão ácidas que parecem deixar-nos cicatrizes no rosto, à medida que correm direitas ao chão. Hoje, dia de saudade, lembro-me de tanta coisa. De tão pouca. Das guerras que fazíamos no chão do meu quarto, com soldados de plástico, um berlinde e a pontaria de cada um para derrubar os "inimigos" a decidirem quem ganhava aquela batalha que era, afinal, um jogo. Lembro-me também de quando voltava com o pai dos jogos de futebol ao domingo à tarde e, na maior parte das vezes, o nosso Belém ganhava. Ao entrarmos em casa, perguntavas: quem ganhou? E nós, brincadeira nossa, ríamos... "minha cara ó". E tu perguntavas se tínhamos perdido e eu, na minha infantil boa disposição dizia-te que não. Como se fosse possível o Belém não ganhar... Lembro-me de tudo e lembro-me de nada. Tenho tantas saudades tuas, mãe...