40 anos
Aqui chego, hoje, como se sempre tivesse aqui estado. 40 anos. E, de repente, a percepção de que os 50 são ao virar da esquina, num instantinho chegarão, e que tão para trás, mais do dobro da distância que me separa dos 50, estão as noites loucas em que com o meu amigo J. saía de casa e comprávamos duas garrafas de cerveja de litro, que acabávamos a beber à sombra do luar, no padrão dos Descobrimentos, enquanto falávamos, fantasiávamos, vá dávamos asas ao sonho, de amores que nos consumiam e dos quais agora, passados estes anos, nem os nomes sabemos.
Para trás ficam as noites de copos num Bairro Alto em que era fácil encontrar bares atascados, em vez destes de agora todos modernaços, que passaram a ser "espaços". Para trás fica, ainda mais para trás, uma infância inteira. As corridas de caricas, as guerras jogadas com berlindes, as tardes de ludo em que a minha mãe sempre me ganhava porque tinha uma sorte inacreditável. E, no fim, ainda me gozava com a irreverência da criança que nela morava, que nela morou até ao fim.
Este é o primeiro aniversário que passo sem ela. E isso é algo que não sei descrever. Espero que passe rápido, este dia. Espero que poucos me lembrem que faço anos. Espero que me doa um bocadinho menos do que agora, ao primeiro minuto do dia, imagino que vá doer (com base no que dói já enquanto escrevo estas linhas).
Sem dramas. A dor faz parte da vida e, como já o disse, senti-la, de saudade, faz-me ter a minha mãe por perto. Nem que seja assim...
Para trás ficam as noites de copos num Bairro Alto em que era fácil encontrar bares atascados, em vez destes de agora todos modernaços, que passaram a ser "espaços". Para trás fica, ainda mais para trás, uma infância inteira. As corridas de caricas, as guerras jogadas com berlindes, as tardes de ludo em que a minha mãe sempre me ganhava porque tinha uma sorte inacreditável. E, no fim, ainda me gozava com a irreverência da criança que nela morava, que nela morou até ao fim.
Este é o primeiro aniversário que passo sem ela. E isso é algo que não sei descrever. Espero que passe rápido, este dia. Espero que poucos me lembrem que faço anos. Espero que me doa um bocadinho menos do que agora, ao primeiro minuto do dia, imagino que vá doer (com base no que dói já enquanto escrevo estas linhas).
Sem dramas. A dor faz parte da vida e, como já o disse, senti-la, de saudade, faz-me ter a minha mãe por perto. Nem que seja assim...
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