Uma flor, uma pequena flor...

E neste silêncio pouco envergonhado fumo à janela, com vista para uma loja de móveis baratos, e sorrio por a vida ter destas pequenas crueldades. E por saber que cada bocadinho de tristeza por ver partir aqueles que nos são queridos deixa em nós uma pequena flor.
Que um dia brotará, rasgará o ventre da planta que é sua mãe, e gritará "não sei para onde vou; sei que não vou por aí". E seguirá o seu caminho, rumo ao céu que toda a vida tentará tocar - mesmo sabendo que ele está lá em cima, tão longe.
E a dúvida: palavras a mais foram ditas? Ou palavras a mais ficaram por dizer? O silêncio, esse, é enorme... E fumo. À janela. Com vista para as árvores, que estão além da loja de móveis baratos, e que agora reparo estarem verdes... Lá longe...

(Até já...
Pode ser em Belém às xinco...)

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