Ney, notas de Beijo Bandido

Já não há exageros, a não ser, talvez, o de dizer que já não há exageros.
E, vá-lá, o de achar que ia chegar atrasado, ser, por isso, impedido de entrar e isto tudo na melhor das hipóteses, claro.
A verdade é que o bom e velho Ney lá deu um concerto sentido, de amores doídos (de dor, daí ter acento, se bem que também doidos, muito provalmente - assim, sem acento - de doidice) e perdidos, num desfile orgulhoso de todas as dores que acumulou.
Este "À distância" terá sido um dos pontos altos do seu sentir e, por isso, escolho-o para ilustrar o concerto.
Faltaram as plumas e os saltinhos. Sobrou o sentir e a pose encenada ao milímetro. E a voz, claro. Claro que a voz.




Se dominaram os ritmos pausados de quem sofre, a verdade é que não foi só de tristezas que se fez o espectáculo, mas também de raivas. "Bicho de Sete Cabeças" foi, pois, dos grandes momentos. Bom até por ser capaz de cortar o embalo de sofrimento em que Ney ia mergulhando o público.



Também fantástica a ligação entre os ritmos quentes do Caribe, a sensualidade (vá, chamemos-lhe assim) do artista e o abandono que as canções foram transmitido.



Também para gáudio dos dois energúmenos que nas bancadas insistiram em chamar "paneleiro" a Ney, ele resuscitou a poética feminina de Vinícius de Moraes. E cantou, convicto, “Não se surpreende se outra mulher nascer em mim/ como no deserto uma flor".

E porquê? Porque, logo entoou, qual diva, «o ciúme é o perfume do amor”

Medo de Amar

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