Um sorriso



Escasseia o tempo para escrever no blogue, mas não as emoções. Foi a 15 de Fevereiro que o Gabriel (me) nasceu e desde então tenho vivido os melhores dias da minha vida.

O melhor mês já lá vai, na certeza porém de que este que já vivemos será, de novo, o melhor de sempre, ainda que menos bom que o terceiro. É, pois, ponto assente: quando temos um filho, ganhamos outra vida.

A dado momento, todos teremos pensado que fizemos grandes revoluções. Talvez ao mudar de emprego, ao trocar a namorada, ao escolher o carro dos sonhos, ao fazer aquela viagem inesquecível. A dado momento todos tivemos a maior alegria do Mundo. Aquele golo da nossa equipa naquele jogo decisivo, a explosão de felicidade, em frenética euforia, em espasmo de realização máxima.

A verdade, caros amigos, é que esta é uma felicidade diferente. Em momento algum dei por mim perto de saltar e gritar para comemorar. É uma alegria serena, uma implosão por oposição à explosão. Algo que nos vai entrando muito devagar na alma, talvez pelo nariz, pelos olhos, pela boca, em vez de nos sair numa fracção de segundo, em estrondo, sob a forma de grito.

Toda a vida, todos nós ouvimos dizer que ter um filho muda a vida e, toda a vida também, tomamos por seguro que assim é. Talvez seja mentira. Talvez ter um filho não nos mude a vida, antes nos arranque dela e nos coloque noutra, com os mesmos actores, mas sendo nós uma personagem renovada.

Assim foi comigo, ou melhor assim tem sido comigo. O meu filho é um filho como os outros. Tem pais, tem amor, chora, come, dorme, faz as suas birras, tem as suas cólicas, cansa, cansa-se, desgasta. E, no fim, este rapazinho acaba por carregar a maior das mensagens: que tenho eu de transformar-me, de ser o pai que ele precisa que eu seja.

Sim, tudo isso vem naturalmente (claro que ter ao lado uma mãe coragem, amizade e força é grande ajuda para qualquer pai como eu), e o que quero hoje dizer é que pode mesmo cada dia ser melhor que o anterior.

Hoje foi o dia do Pai. Coisas das sociedades modernas, para o mercado fluir, para se comprar mais uma ou outra carteira, mais um ou outro dvd do Zeca Afonso no Coliseu. Mas ele, o petiz, ainda sem saber dessas coisas sabe mais que todos nós. E é isso que quero aqui dizer: quando hoje, neste dia do pai, ele me ofereceu um presente, integralmente feito por ele, apesar de tão pequeno, o meu mundo mudou de novo. Como mudará amanhã. E depois. Sim, a prenda que recebi neste dia do pai foi um sorriso. Perdão, o sorriso. O primeiro que ele deu de olhos abertos, a olhar para mim, logo pela manhã.

Comentários

Amanda disse…
Fico tão feliz por vocês! =) Tenho certeza de que serás o pai que Gabriel precisa e irá muito além. Que seja muito boa sua nova caminhada, nessa tua nova vida!

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