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covid-19 (dia 57 - 9/05) - Farto, pela primeira vez...

Como é que se explica isto? Chego ao fim do dia farto. Não é que eu esteja farto de trabalhar em casa. Simplesmente, o trabalho feito de casa chateia mais. E chateia mais quando tens vários colegas em lay-off e entre lay-offs e folgas dás por ti a ser responsável pelo dobro das coisas que normalmente tens para tratar. A mim o que mais me chateia é deixar pessoas à espera de que eu lhes distribua trabalho. Sinto-me incompetente, mesmo que nao esteja a sê-lo, e a desperdiçar o tempo dos outros. A verdade é que mais uma vez, são 22.30 e tudo o que tinha para assegurar hoje está assegurado. Ou seja, eu mereço que me continuem a pedir as missões (quase) impossíveis. Hoje voltámos a juntar os dois avôs ao almoço cá em casa. Frango assado consegue ser um belo pitéu nestes momentos e hoje até houve leite creme feito ontem à noite. Na verdade, cada vez mais acho que vivo para estes momentos em família. Ontem, eu e a SS começámos a ver o The Leftovers na HBO. Foram 68 minutos de primeiro episódi

One Hundred Years

"It doesn't matter if we all die" Assim começa a canção One Hundred Years, dos The Cure. Por estranho que possa parecer o desprendimento, a verdade é que só há uma coisa verdadeiramente triste na morte e essa é a saudade que fica em quem fica...

covid-19 (dia 55 - 7/05) - Vacinas, barbeiro...

Ontem (acho que foi ontem e se não foi ontem é como se tivesse sido ontem) sentei-me pela primeira vez descontraído em frente à TV para ver uma série. Escolhi o After Life, do Ricky Gervais (no Netflix), e a hora errada. A coisa até estava a correr bem (se é que algo corre bem no After Life), mas o mais velho cá de casa entrou aos gritos pela sala: "Aula de ginástica". Uma aula síncrona - das melhores coisas que a escola fez neste período - a cortar-me o único momento de descontração que me permiti nestes 55 dias. Nada de grave. Vi depois mais uns quantos, mas ando cá a matutar que se calhar eu e a minha querida mulher se calhar pensámos mal quando decidimos ter uma só TV em casa, e na sala. Isto leva a que não tenhamos um local para nós. Quando os miúdos querem jogar PlayStation lá ficamos sem sala. E andamos pela casa sem pouso a que possamos chamar nossos. Fosse o tempo outro, até comprava uma TV para meter no escritório e passava para lá a PlayStation. E livrava-me dos pu

covid-19 (dia 51 - 3/05) - Dia da mãe

Dia da mãe. Cá em casa assinalado com dois postais. Um escrito e desenhado por ele; outro pré-comprado (de flores) a que ela colou autocolantes bonitos e aos quais se juntou uma frase que lhe saquei. Dia da mãe. Saudades da Zé. E da Manuela que nunca conheci. Um vazio grande na nossa vida. E a certeza de que nestes tempos tão incertos, os meus filhos estão bem servidos de uma. Que os adora. Que os ama. Que os atura. Que não os atura. Que é tão humana quanto uma mãe pode ser. Que eu amo, claro. E amarei. Não consegui algo mais que esses desenhos, esses postais. E, na verdade, é preciso algo mais? São 51 dias disto e hoje a mais nova perguntou: quando é que o corona acaba. Respondemos-lhe: se tudo correr muito bem (não temos certezas disso, mas esperamos que sim) daqui a 30 ó-ós voltas à escola. Já passou mais de metade e mesmo sendo muito tempo, pode ser que esteja para acabar. Entretanto a Espanha vai alargar por mais 15 dias o Estado de Emergência. Enquanto nós continuamos cheio

covid-19 (dia 49 - 1/05) - "Vão sem mim que eu vou lá ter"

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Amanhã são já 50 dias de quarentena. Caramba! Já quase nem me lembro dos primeiros tempos, aqueles em que temi não ter comida para os miúdos e perdi 2 kgs numa semana. Não esqueço a discussão que tive com um amigo que recusava teletrabalho aos seus funcionários, nem o pânico que senti de estar infetado, porque foram situações em que me vi a perder o controlo das minhas emoções - cheguei mesmo a pensar de forma consciente que estava em risco de ter um ataque cardíaco, tais os nervos sentidos. Agora que já se sabe que a partir de segunda feira começa um programa de desconfinamento progressivo em Portugal, que vai ser obrigatório entrar em lojas e transportes públicos com máscaras, que dia 30 de maio (belo dia) regressa o campeonato da I Liga (se nada obrigar a adiar a coisa), começo a perceber em muita gente um nervoso miudinho para voltar à rua, para voltar ao lufa-lufa, à normalidade pré Covid-19. E eu tenho cada vez mais certo para mim só saio obrigado e que vou tentar mant

A falta de vergonha do El Corte Inglés

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Depois de ter feito uma encomenda na loja online do  El Corte Inglés  (o link é para poderem bloquear) no dia 9 de abril, com a premissa (por eles anunciada) de que chegaria a 18 - ou seja a tempo de ser o presente que o mais velho queria dar à mais nova pelo 5.º aniversário, ontem, vários dias depois de terem falhado o prazo para entrega, mandaram-me um e-mail a dizer: "tal como solicitado, anulamos um (ou vários) produtos associados ao seu pedido". Problemazito: eu não solicitei anulação de nada e, mais grave do que isso, já por três vezes tinha telefonado para os contactos do El Corte para perguntar o que se passava. No dia 17  disseram-me: não se preocupe, que deve chegar  amanhã. Estamos a dar prioridade a tratar do assunto e nem tanto a atualizar o site. Hoje, depois de tudo isto, continua disponível online... No dia 18  disseram-me que não sabiam o que se passava, mas que seria contactado brevemente pela loja online para me informarem (e enviara

covid-19 (dia 47 - 29/04) - fura quarentenas

Parece mentira chegar aqui e perceber que vamos em 47 dias disto. O que já se passou e o que falta ainda passar. Já não há novidades para escrever todos os dias - pelo menos das relacionadas com a Covid-19 - ou, havendo, já vai faltando a paciência. Como no futebol, agora todos somos epidemiologistas de bancada e "de médico e (sobretudo) de louco todos temos um pouco". Vou lendo um pouco de tudo e já desisti de acreditar em quem quer que seja. A verdade nunca será um valor absoluto e para cada ideia haverá interpretações distintas, razões fundamentadas, sejam em erros científicos seja na falta de uma base de dados com critérios semelhantes em todo o Mundo. A última ideia que me despertou curiosidade foi de que o medo mata mais que a Covid-19. Lá está, nunca saberemos, mas hoje foi divulgado um estudo que diz que de 1 de março até 22 de abril morreram em média (sem ser por Covid-19) mais 75 pessoas por dia do que seria expectável (o que dará quase 4 mil). Serão pessoas