A praxe
Quando fui praxado, no ano de 1991, diverti-me. Diverti-me porque a minha praxe não foi bem praxe. Foi recepção aos caloiros, umas pinturas na cara, umas cantorias, uma ida ao largo ali ao pé da faculdade e muita boa disposição. A minha praxe não foi, pois uma praxe. Não havia Dux, nem hierarquias. Havia duas turmas apenas (do segundo e terceiro e anos) e pessoas bem formadas, divertidas, que, no fundo, com a falta de gente que havia na faculdade queriam era companhia.
Foi um belo pretexto para fazer amizades, prolongado depois em jantaradas, jogos de futebol, conversas nos corredores. Em momento algum houve a estúpida superioridade veterano/caloiro.
Quando a minha turma praxou foi igual. Sempre que alguém dizia que ficava de fora, de fora ficava, sem stresses. Também não houve comissões de praxe, nem hierarquias algumas.
No fundo, percebo por estes dias, eu diverti-me na praxe porque não houve praxe na minha universidade.
Sempre senti que alguns relatos não eram de integração, antes de terror; sempre achei que deviam ser proibidas as comissões de praxe, e todos os abusos que ela "legitíma".
Mas sempre tolerei as praxes, porque sempre as olhei a partir do meu ponto de vista. O de alguém que não é particularmente tímido, que conseguiu até divertir-se. E esse foi o meu erro, sempre. A morte de seis miúdos no Meco é a prova de que tudo está errado. Que deixámos mentes criminosas e sádicas tomarem em mãos a vida dos nossos filhos. Sem que qualquer deles tenha sequer a noção do perigo daquelas brincadeiras.
E é por isso que por estes dias não tenho vergonha de dizer que estava errada. Que me orgulho de admitir que a minha opinião foi errada tempo demais. E que todos andámos enganados. O preço a pagar por isso está à vista. Seis putos morreram engolidos pelo mar, no Meco, enquanto, aparentemente, cumpriam ordens de um Dux qualquer.
Foi um belo pretexto para fazer amizades, prolongado depois em jantaradas, jogos de futebol, conversas nos corredores. Em momento algum houve a estúpida superioridade veterano/caloiro.
Quando a minha turma praxou foi igual. Sempre que alguém dizia que ficava de fora, de fora ficava, sem stresses. Também não houve comissões de praxe, nem hierarquias algumas.
No fundo, percebo por estes dias, eu diverti-me na praxe porque não houve praxe na minha universidade.
Sempre senti que alguns relatos não eram de integração, antes de terror; sempre achei que deviam ser proibidas as comissões de praxe, e todos os abusos que ela "legitíma".
Mas sempre tolerei as praxes, porque sempre as olhei a partir do meu ponto de vista. O de alguém que não é particularmente tímido, que conseguiu até divertir-se. E esse foi o meu erro, sempre. A morte de seis miúdos no Meco é a prova de que tudo está errado. Que deixámos mentes criminosas e sádicas tomarem em mãos a vida dos nossos filhos. Sem que qualquer deles tenha sequer a noção do perigo daquelas brincadeiras.
E é por isso que por estes dias não tenho vergonha de dizer que estava errada. Que me orgulho de admitir que a minha opinião foi errada tempo demais. E que todos andámos enganados. O preço a pagar por isso está à vista. Seis putos morreram engolidos pelo mar, no Meco, enquanto, aparentemente, cumpriam ordens de um Dux qualquer.
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