Voo nocturno

agora já não vejo o sol
nem o seu reflexo lunar
levo as asas nos bolsos e o coração a planar

neste voo nocturno
não sei aonde vou aterrar

sinto as nuvens nos meus pulsos e o leme sempre a consentir
são sempre os mesmos ossos que eu insisto em partir

neste voo nocturno só quero mesmo resistir
neste voo nocturno só quero mesmo resistir
neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno não sei aonde vou aterrar

em baixo há manchas no canal
mas eu não as quero ver
o aeroplano está frio e as hélices a ferver
o nariz do avião só obedece a quem quiser
agora não existe nada
o meu motor ao ralenti
vou revendo em surdina tudo o que eu vivi

neste voo nocturno a madrugada vem ai
neste voo nocturno a madrugada vem ai
neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno não sei aonde vou aterrar
neste voo nocturno sou mais leve do que o ar
neste voo nocturno não sei aonde vou aterrar

(Jorge Palma, in Voo nocturno, 2007)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Uma ida ao endireita

Laser Tag Alfragide - Login ou Logout. 5 notas fundamentais