15 dias e o que se sente

Diz que foi às 3 da manhã de dia 26 (ou seja há 15 dias) que o meu mundo ficou irremediavelmente mais curto.

Não foi por acaso que não utilizei a palavra pobre. É que, bem vistas as coisas, se por um lado perdi a companhia da minha mãe, o sorriso fácil, as piadas que com ela fazia, quase sempre a tirá-la do sério - como quando a assustava de morte com uma inofensiva aranha de peluche, que fazia saltar graças a uma bomba de ar - por outro acredito ter ganho muito noutros aspectos importantes na minha vida:

1) o meu pai. Estou agora mais perto dele do que alguma vez estive. Conversamos, apoiamo-nos, fazemos, no fundo, tudo aquilo que pais e filhos deviam fazer sempre ao longo da vida.
2) a minha mulher. O apoio que recebo e o carinho que partilho fazem-me fortalecer a certeza de que a 13 de maio de 2012 dei o passo mais certo da minha vida, ao dizer que sim, que aceitava aquele anjo para minha companhia até ao fim dos meus dias
3) eu próprio. Noto que de repente mudei. Toda a minha vida mudou. Nunca me considerei má pessoa, mas hoje vejo-me cada vez mais focado no que realmente importa: o meu desenvolvimento enquanto pessoa, de modo a tentar ser sempre - e a cada dia - mais solidário e mais justo.

O pior são mesmo as saudades que nos comem por dentro e, por vezes, nos fazem sentir que estamos longe de tudo, até do nosso pensamento.

PS: Cada vez que passo, de carro, à porta do hospital de onde a triste notícia chegou não consigo deixar de sentir aquele cutucar, de ouvir aquele "lembras-te"? Vou passar ali várias vezes por semana, pois fica exactamente a meio caminho entre a minha casa e aquela onde vive o meu pai. Talvez nem seja mau de todo. Afinal, o meu maior medo, agora, ainda é o de por um dia que seja não me lembrar dela...

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