A propósito de um psicólogo

Ao José Carlos Dias. Psicólogo. Ex-jornalista, um amigo.


O assunto é tabu. Mas não devia ser. Não são, ao contrário do que a ignorância faz crer, os maluquinhos os únicos a recorrer aos serviços de um psicólogo. Bem pelo contrário.
A decisão é, quase sempre, um sinal de lucidez extrema. Assim foi comigo. Consumido por uma ansiedade que não conseguia travar, segui o conselho de um bom amigo e consultei seu psicólogo. José Carlos Dias. Era bom, dizia-me o R.. Ajudara-o. E até o compreendia melhor por, também ele, ter sido jornalista.
Fui lá. Gostei dele ao primeiro contacto. Não falava muito (provavelmente nem devia), mas ao fim de uns meses deixei de precisar de lá ir. Ainda hoje não sei o que ele me fez, mas tirou-me a ansiedade. Curou-me. Devolveu-me a vida e a alegria de viver. Ou mostrou-me o caminho para o conseguir.
Disse-me que eu estava no fundo de um vale, e que, quando subisse a montanha, mesmo que voltasse a descer, teria sempre as ferramentas para travar a queda. Prometeu-me que depois de curado não voltaria a sentir-me como então.
Tinha razão.
Com o tempo deixei de visitá-lo. Mas nunca perdi o contacto. Telefonava-me para saber de mim, eu devolvia-lhe as chamadas. Ficou um amigo. Daqueles distantes, mas amigo.
Hoje soube que morreu. Há dois anos. E não contive as lágrimas. Foi uma âncora que se perdeu no fundo do oceano. E se o barco agora está seguro, devo-o a ele.
Obrigado, amigo. Até sempre.
Que tenhas o descanso merecido por teres ajudado tanta gente.

Comentários

Vanita disse…
Até eu, que também sei o valor de um psicólogo para voltarmos a encontrar o nosso equilíbrio, me emocionei com esta morte. Um beijinho.

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