Disto da paternidade
Depois de tudo o que escrevi, penso que não subsistem dúvidas de que para mim a Paternidade foi a bênção suprema na vida; que ver o meu filho crescer é o que de mais valioso tenho.
É bom, pois isto poupa-me tempo a enquadrar o que vem a seguir: a falta que nos faz ter uma base de apoio familiar.
Sendo, tal como a minha mulher, filho único; sobrando-nos apenas os avós homens, ainda por cima sem dinâmica de vida para cuidar de uma criança, falta-nos apoio. Muito. Bem sei que pode parecer ingratidão dizê-lo, que há tanta gente - e nós ainda por cima a acompanharmos tantos casos de perto - com situações muito complicadas na vida, mas não me levem a mal... faz mesmo falta poder tirar da cabeça, por uns segundos, as preocupações inerentes ao cargo de ser ser pai (mãe).
Ser pai (e mãe) e não ter um irmão para o qual se telefona a dizer "vou aí deixar o teu sobrinho", ou avós a quem se apareça, até de surpresa, se preciso for, deve ser o equivalente a ter por profissão o cargo de responsável de segurança de uma central nuclear e não ter em quem delegar tarefas durante a noite, ou quando é hora de ir para casa.
Já vai para três anos que o meu filho nasceu e ainda que cada dia que passe com ele seja uma alegria imensa para os dois, admito que me falta tempo para me lembrar que existo. Que sou casado. Que tenho uma mulher que amo (essa parte não esqueço, pronto). Para conversar de coisas de adultos. Para tomar decisões tão simples como "que portas queremos no roupeiro que um dia havemos de mandar fazer?". No fundo, uma ou duas horas para conversar. Até para poder jantar num restaurante com tranquilidade, sem ter de entreter uma criança. Ou segurá-la para não fugir.
É verdade que vários amigos se oferecem gentilmente para cuidar dos nossos filhos; que tios e tias fazem o mesmo. Também o é, no entanto, que a estrutura familiar próxima é insubstituível. Por mais que um amigo nos diga que fica com o puto, não são poucas as vezes em que, tendo pensado "cravar" uma ajuda para o dia x, me apercebo que esse é o dia em que vão jantar a casa do primo que veio de férias do Cambodja, ou arrancar o furúnculo que nasceu na unha pequena do dedo do pé esquerdo. É mesmo assim, sem maldades: as pessoas têm vidas. Eu já nem pedia tanto. Se nos dessem duas horinhas por semana já era uma alegria.
É bom, pois isto poupa-me tempo a enquadrar o que vem a seguir: a falta que nos faz ter uma base de apoio familiar.
Sendo, tal como a minha mulher, filho único; sobrando-nos apenas os avós homens, ainda por cima sem dinâmica de vida para cuidar de uma criança, falta-nos apoio. Muito. Bem sei que pode parecer ingratidão dizê-lo, que há tanta gente - e nós ainda por cima a acompanharmos tantos casos de perto - com situações muito complicadas na vida, mas não me levem a mal... faz mesmo falta poder tirar da cabeça, por uns segundos, as preocupações inerentes ao cargo de ser ser pai (mãe).
Ser pai (e mãe) e não ter um irmão para o qual se telefona a dizer "vou aí deixar o teu sobrinho", ou avós a quem se apareça, até de surpresa, se preciso for, deve ser o equivalente a ter por profissão o cargo de responsável de segurança de uma central nuclear e não ter em quem delegar tarefas durante a noite, ou quando é hora de ir para casa.
Já vai para três anos que o meu filho nasceu e ainda que cada dia que passe com ele seja uma alegria imensa para os dois, admito que me falta tempo para me lembrar que existo. Que sou casado. Que tenho uma mulher que amo (essa parte não esqueço, pronto). Para conversar de coisas de adultos. Para tomar decisões tão simples como "que portas queremos no roupeiro que um dia havemos de mandar fazer?". No fundo, uma ou duas horas para conversar. Até para poder jantar num restaurante com tranquilidade, sem ter de entreter uma criança. Ou segurá-la para não fugir.
É verdade que vários amigos se oferecem gentilmente para cuidar dos nossos filhos; que tios e tias fazem o mesmo. Também o é, no entanto, que a estrutura familiar próxima é insubstituível. Por mais que um amigo nos diga que fica com o puto, não são poucas as vezes em que, tendo pensado "cravar" uma ajuda para o dia x, me apercebo que esse é o dia em que vão jantar a casa do primo que veio de férias do Cambodja, ou arrancar o furúnculo que nasceu na unha pequena do dedo do pé esquerdo. É mesmo assim, sem maldades: as pessoas têm vidas. Eu já nem pedia tanto. Se nos dessem duas horinhas por semana já era uma alegria.
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