Mensagens

Covid-19 (dia 18 - 30/03) - Moratória ao banco

Imagem
Ora então cá estou eu. Do que me é dado a ver pelas estatísticas do Blogger ninguém sentiu a minha falta (peço desculpa aos 7 leitores que regularmente vou tendo - não é minha ideia desvalorizar-vos, antes gozar comigo), mas não pensem que a ausência se deveu ao facto de nada ter para dizer. Não é que do ponto de vista pandémico tenha havido grandes histórias para contar - até parece, se os números não forem traiçoeiros, que Portugal está a querer fintar o destino latino - mas o ritmo dos dias continua louco. É certo que já me livrei de quase todas as ansiedades. Por esta altura já não acho sempre que estou com o raio do Covid-19, e como raramente saio de casa (e quando saio não estou com quase ninguém e ainda levo máscaras e luvas) tenho reduzido drasticamente as probabilidades de vir a ser apanhado nesta fase inicial. Quanto mais se fica em casa, mais conforto se tem do ponto de vista mental (relativamente ao receio de contágio), e mesmo havendo quem se queixe desta prisão, a mim

Covid 19 (dia 15 - 27/03) Um prazer raro e os pais abandonados pelo Estado português

Ainda não foi desta que folguei. Ou melhor... mesmo estando de folga, lá me desloquei à TV para comentar a atualidade logo pela manhã. E que estranho é andar por uma Lisboa deserta, com lugares para estacionar em quantidade simpática, sem trânsito... Foi rápido, mas tive de acordar cedo - muito cedo. Seja como for, o dia foi melhor porque estive mais tempo com os filhos e com a mulher. Embora tenha também passado mais tempo na cozinha. O Pingo Doce finalmente entregou as compras e na encomenda vinham cinco belíssimos robalos frescos que tratei de cozinhar (três deles, os outros dois vão amanhã para pai e sogro da mesma forna) no forno, com um pouco de fiambre no meio. (batatas cozidas antecipadamente, cama de cebola, vinho branco, tomate, peixe com sal e azeite por cima; cerca de 20 minutos no forno a 180 graus, para não secar) E o prazer que nos deu a todos aquele peixe fresco, numa altura em que somos rodeados por carne descongelada a quase todas as refeições, ou douradinhos

Covid 19 (dia 14 - 26/03) - Uma folga, uma espera e uma videochamada

Imagem
Temos cá por casa uma imagem de Nossa Senhora, a "Mãe Peregrina" de Schoenstatt , que recebemos todos os meses a dia 15. Fica por cá 2 dias antes de seguir para outra casa. Este mês, por força do Covid-19, ficou cá por casa e por cá ficará até esta crise passar e voltar a ser seguro andar de casa em casa para a entregar. Às 20h00, estabeleceu-se, todas as famílias da corrente rezam ao mesmo tempo uma Avé Maria. Hoje o nosso mais velho fez a oração e foi tocante. Algo como: "Ajuda-nos porque eu não consigo compreender muito bem isto e quero voltar a sair à rua e voltar à escola". Já ontem tinha tido um meltdown porque em casa não conseguia aprender e dias antes dissera-me que estava arrependido de não ter aproveitado para sair mais nos anos que leva de vida (ele, o caseiro - agora quer sempre sair, nem que seja para ir ao lixo, a 40 metros da nossa porta). O dia começou tarde, com sono prolongado e novo atraso nos trabalhos escolares. Acabei por não estar

Covid-19 (dia 13 - 25/5) Um golpe de sorte

Passou-se o dia e não vim cá escrever. O trabalho correu bem, fechei cedo o jornal, e agora que passou algum tempo já nem me lembro bem de muita coisa. Numa conversa de irmãos, o mais velho disse à mais nova que lhe dava mil euros se ela comesse tomates cereja. E ela respondeu-lhe: Para quê? O dinheiro agora não serve para nada. Está tudo fechado e o dinheiro só serve para comprar comida... Mais mortes e a confirmação de uma empresa (próxima) a negar teletrabalho a uma funcionária admistrativa, alegando não ser seguro - como se o DL do estado de emergências lhes deixasse sequer essa possibilidade. É pena que algums patrões não percebam que não estão só a tentar poupar dinheiro em tempo de crise. Estão também a comprar guerras que se quiserem combater perdem. E, pior que isso, estão a perder o mais importante: os trabalhadores. O vírus lá vai avançando, embora pareça mais contido que noutros países. Por cá cresceu 28 por cento, mas são tão poucos os testes feitos que possivelm

Covid-19 (dia 12 - 24/03) E o vinho, senhor?

Ontem acabei por não voltar aqui. Os dias em casa são incrivelmente mais cheios que os outros. Há sempre algo a acontecer. Uma criança que chora, outra que grita, uma que chora porque a outra grita e uma que grita porque a outra chora. Pelo meio grita a mãe, grita o pai e grita até quem cá não está. Porque a vida na III Guerra Mundial  (quem esteve no Ultramar tem dito - o que me espanta - que isto é pior que a guerra, porque o inimigo não se vê) é mesmo agitada. Adiante: ontem a saúde do meu pai estabilizou. Não voltou a ter febre - algo que continuou esta manhã - e outra coisa boa do dia é que aprendi a lidar com os meus ataques de hipocondria. Continuo a ter todos os sintomas do Covid-19 à vez, mas o meu cérebro já consegue gozar com ele próprio. Hoje o mais velho fez uma reunião no Zoom com os colegas de escola e divertiram-se todos imenso. Foi emocionante ver como estavam felizes de voltarem a ver os rostos uns dos outros, como tentavam falar. Videochamada para 20 pessoas ao

Covid-19 (dia 11 - 23/03) - (o post que ficou a meio)

Uma primeira nota a abrir este post... Ainda bem que as crianças têm 4 e 9 anos, que assim a dose de um almoço resolve-se facilmente (500 gramas de carne e estamos todos safos). Nem imagino o que será estar fechado com dois adolescentes esfaimados... Por outro lado, isto leva a mudanças no  peso. Muita gente tem comido mais, cá por casa temos reduzido. E eu, por exemplo, caí na primeira semana de 78 para 76 kgs. Ando a obrigar-me a lanchar e a jantar melhor (confesso que também já estou a perder o medo de vir a faltar comida às crianças, e mais confiante no funcionamento das lojas), e já recuperei 300 gramas. Se ficar por este peso fico feliz. O mais importante do dia, no entanto, é mesmo a saúde do meu pai. Já aprendi que isto é uma montanha russa. E de manhã estava sossegada. Dormiu sem febre, já está a tomar antibiótico e não tem tossido. Nem quero largar foguetes. A ver como corre o resto do dia. Agora vou atirar-me ao trabalho e hei de cá voltar (tenho escrito quase sempre n

Covid-19 (dia 10 - 22/03) Aquele telefonema...

Estou finalmente sentado ao computador (quer dizer, estou finalmente sentado ao computador não para trabalhar) e preparado para falar de mais um dia. Ontem não saí de casa e creio que isso se refletiu numa total ausência de ansiedade (pela primeira vez) durante o dia. Hoje acordei tranquilo e depois de uma aula de ginástica (ou de dança) com os miúdos - para se manterem ativos - almoçámos em paz uma massa com cogumelos, azeitonas e bacon (além de um molho de tomate). Para fazer render a comida junto cogumelos, mas a mais nova, que não é parva, já me topou e reclama (guerra perdida por mim, simplificando). Sentia-me tão bem que o verbalizei, a dado momento, em conversa com a minha mulher. Grande erro: se há coisa que devia ter aprendido nos 10 dias de reclusão é que na verdade estes 10 dias equivalem a 20 ou 30. E quase todos se dividiram entre o bom e o mau. Pois o mau, hoje, chegou pelas 17h40, quando um telefonema do meu pai anunciou 38,2 graus de febre. Uma notícia destas, que