Covid 19 (dia 15 - 27/03) Um prazer raro e os pais abandonados pelo Estado português

Ainda não foi desta que folguei. Ou melhor... mesmo estando de folga, lá me desloquei à TV para comentar a atualidade logo pela manhã. E que estranho é andar por uma Lisboa deserta, com lugares para estacionar em quantidade simpática, sem trânsito...

Foi rápido, mas tive de acordar cedo - muito cedo. Seja como for, o dia foi melhor porque estive mais tempo com os filhos e com a mulher.

Embora tenha também passado mais tempo na cozinha. O Pingo Doce finalmente entregou as compras e na encomenda vinham cinco belíssimos robalos frescos que tratei de cozinhar (três deles, os outros dois vão amanhã para pai e sogro da mesma forna) no forno, com um pouco de fiambre no meio.

(batatas cozidas antecipadamente, cama de cebola, vinho branco, tomate, peixe com sal e azeite por cima; cerca de 20 minutos no forno a 180 graus, para não secar)

E o prazer que nos deu a todos aquele peixe fresco, numa altura em que somos rodeados por carne descongelada a quase todas as refeições, ou douradinhos ou atum quando se tenta equilibrar as coisas para não se comer apenas carne.

Mais uma vez, passou-se um dia e voltei a não conseguir ver uma série, um filme, nada...

Até deitar os miúdos o tempo é todo deles; e o que não é deles é interrompido por eles. Hoje começaram as férias de Páscoa - que pesadelo será para todos. Eles em casa sem atividades diárias da escola; ele sem o e-mail diário da professora, que lhe dava razão para saltar da cama...

E este início de férias escolares coincide também com o dia em que o Governo de Portugal abandonou as famílias: afinal, mesmo sem ATLs ou escolas a funcionar, as faltas que um dos encarregados de educação der ao trabalho serão justificadas mas não remuneradas - como se alguma coisa tivesse mudado relativamente às semanas anteriores. No fundo o Estado diz: "fiquem em casa para não espalharem o novo coronavírus e, lembrem-se, protejam os avós de contágios"; mas depois diz também "cumpram o que dizemos, mas aguentem-se sem receber os salários durante estes 15 dias".

Os números dos casos positivos de Covid-19 (4268) está bastante abaixo do previsto (entre 5732 e 12852) e o número de mortos que temos é idêntico ao que Itália tinha a 3 de março, quando contabilizava apenas 2263 casos ativos.

Se por um lado há motivos para acreditar que podemos ir no bom caminho, por outro é preciso não esquecer que afrouxar as medidas permitirá novas vagas. E nem de propósito, hoje chegam notícias de que a China está de novo a fechar cinemas... (sem justificações).

Por outro lado, ser um oásis entre latinos alivia-nos, mas não resolve o problema global. Os EUA estão a disparar, já ultrapassaram a China... Depois há a dúvida do que acontecerá no Brasil, de onde - do que me apercebi até agora - não há ainda relatos de descontrolo.

Para cúmulo, um gato na Bélgica foi infetado (provavelmente pelos donos...), o que faz temer novos dados difíceis de decifrar.

Depois de deitar as crianças, disse-lhes de forma clara que precisava de tempo com a mãe, que estamos os dois cansados e que também temos de conversar, de ver filmes, ler livros...

Eles até cumpriram, mas a verdade é que entre telefonar ao pai (encomendar-lhe café na nespresso), arrumar a cozinha e escrever o diário o tempo vai-se todo. Já passa da meia-noite e amanhã é de novo dia de trabalho, precedido pelo ato de fazer o robalo assado para os avôs, a quem levarei também arroz doce que a neta fez... (e ela, com saudades a apertar, ainda desejou... "depois eu vou contigo levar-lhes o arroz doce...")

Fiquem bem. Fiquem em casa. Não façam como a malta que andou a reservar apartamentos no Algarve para férias de Páscoa (lá vai o vírus disparar no sul, onde nem há hospitais) e obrigou o governo a proibir viagens nesse período - estou para ver como...




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