Covid-19 (dia 12 - 24/03) E o vinho, senhor?
Ontem acabei por não voltar aqui. Os dias em casa são incrivelmente mais cheios que os outros. Há sempre algo a acontecer. Uma criança que chora, outra que grita, uma que chora porque a outra grita e uma que grita porque a outra chora.
Pelo meio grita a mãe, grita o pai e grita até quem cá não está. Porque a vida na III Guerra Mundial (quem esteve no Ultramar tem dito - o que me espanta - que isto é pior que a guerra, porque o inimigo não se vê) é mesmo agitada.
Adiante: ontem a saúde do meu pai estabilizou. Não voltou a ter febre - algo que continuou esta manhã - e outra coisa boa do dia é que aprendi a lidar com os meus ataques de hipocondria. Continuo a ter todos os sintomas do Covid-19 à vez, mas o meu cérebro já consegue gozar com ele próprio.
Hoje o mais velho fez uma reunião no Zoom com os colegas de escola e divertiram-se todos imenso. Foi emocionante ver como estavam felizes de voltarem a ver os rostos uns dos outros, como tentavam falar. Videochamada para 20 pessoas ao mesmo tempo é obra. E os adultos só se riam.
Veio mais um dia de trabalho e, mais uma vez, às 21h30 tinha a edição do jornal (a parte que me competia) fechada. Com este ritmo de vida acho que nunca me queixaria da falta de tempo para a família.
Pergunto-me que mundo teremos depois desta pandemia... E preocupa-me o mundo que temos durante esta pandemia. Já todos percebemos que a economia vai implodir, que vai ser uma tragédia, mas ainda hoje tive uma conversa mais acesa com um amigo que, sendo responsável por centenas de postos de trabalho, insiste em que os trabalhadores se desloquem à sede... Em alternativa deixou-lhes claro: ou metem férias ou vão para casa com licença sem vencimento.
Debati-me com tanta força que acabei a conversa (telefónica) a sentir que o meu coração ia explodir. Dizia-me ele: «eu sei que vão morrer milhares de pessoas [no mundo] mas nós aqui estamos a ter todos os cuidados higiénicos». Assusta-me. De morte. Sim, de morte. Porque é disso que falamos. De morte. Podemos ter todos os cuidados, mas não controlamos tudo. Não controlamos toda a gente.
A única forma de salvar vidas - assim fosse possível - era que todo o Mundo ao mesmo tempo se fechasse nas suas casas (para ser rigoroso, a única forma era mesmo que cada ser humano estivesse um mês sem contactar fisicamente com outro ser humano e nessa altura acabariam os contágios). Ora, se já deu para perceber que isso não acontecerá, então cabe a cada um fazer a sua parte e tentar travar a coisa. Tentar pelo menos não ser atingido, para não atingir os que lhe são próximos.
Neste momento sinto-me menos preocupado com a falta de produtos alimentares. As redes de distribuição parecem efectivamente não estar a falhar e até acabei o dia com uma boa e uma má notícia: a boa é que consegui fazer compras no Auchan online (para nós, meu pai e meu sogro); a má é que me esqueci de encomendar duas bag in a box de vinho tinto...
E com isto me despeço por hoje...
PS: Os Jogos Olímpicos foram hoje adiados. Tóquio-2020 só em 2021.
PS2: Itália continua a ver descer o número de mortes. E mesmo assim foram cerca de 700 em 24 horas
PS3: Por cá, chegámos 2363 infetados, mas como quase não se fazem testes já deu para perceber que o número há de ser muito superior.
Pelo meio grita a mãe, grita o pai e grita até quem cá não está. Porque a vida na III Guerra Mundial (quem esteve no Ultramar tem dito - o que me espanta - que isto é pior que a guerra, porque o inimigo não se vê) é mesmo agitada.
Adiante: ontem a saúde do meu pai estabilizou. Não voltou a ter febre - algo que continuou esta manhã - e outra coisa boa do dia é que aprendi a lidar com os meus ataques de hipocondria. Continuo a ter todos os sintomas do Covid-19 à vez, mas o meu cérebro já consegue gozar com ele próprio.
Hoje o mais velho fez uma reunião no Zoom com os colegas de escola e divertiram-se todos imenso. Foi emocionante ver como estavam felizes de voltarem a ver os rostos uns dos outros, como tentavam falar. Videochamada para 20 pessoas ao mesmo tempo é obra. E os adultos só se riam.
Veio mais um dia de trabalho e, mais uma vez, às 21h30 tinha a edição do jornal (a parte que me competia) fechada. Com este ritmo de vida acho que nunca me queixaria da falta de tempo para a família.
Pergunto-me que mundo teremos depois desta pandemia... E preocupa-me o mundo que temos durante esta pandemia. Já todos percebemos que a economia vai implodir, que vai ser uma tragédia, mas ainda hoje tive uma conversa mais acesa com um amigo que, sendo responsável por centenas de postos de trabalho, insiste em que os trabalhadores se desloquem à sede... Em alternativa deixou-lhes claro: ou metem férias ou vão para casa com licença sem vencimento.
Debati-me com tanta força que acabei a conversa (telefónica) a sentir que o meu coração ia explodir. Dizia-me ele: «eu sei que vão morrer milhares de pessoas [no mundo] mas nós aqui estamos a ter todos os cuidados higiénicos». Assusta-me. De morte. Sim, de morte. Porque é disso que falamos. De morte. Podemos ter todos os cuidados, mas não controlamos tudo. Não controlamos toda a gente.
A única forma de salvar vidas - assim fosse possível - era que todo o Mundo ao mesmo tempo se fechasse nas suas casas (para ser rigoroso, a única forma era mesmo que cada ser humano estivesse um mês sem contactar fisicamente com outro ser humano e nessa altura acabariam os contágios). Ora, se já deu para perceber que isso não acontecerá, então cabe a cada um fazer a sua parte e tentar travar a coisa. Tentar pelo menos não ser atingido, para não atingir os que lhe são próximos.
Neste momento sinto-me menos preocupado com a falta de produtos alimentares. As redes de distribuição parecem efectivamente não estar a falhar e até acabei o dia com uma boa e uma má notícia: a boa é que consegui fazer compras no Auchan online (para nós, meu pai e meu sogro); a má é que me esqueci de encomendar duas bag in a box de vinho tinto...
E com isto me despeço por hoje...
PS: Os Jogos Olímpicos foram hoje adiados. Tóquio-2020 só em 2021.
PS2: Itália continua a ver descer o número de mortes. E mesmo assim foram cerca de 700 em 24 horas
PS3: Por cá, chegámos 2363 infetados, mas como quase não se fazem testes já deu para perceber que o número há de ser muito superior.
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