Cry me an iceberg

Ela não era muito vistosa, mas chamava a atenção. Os seus cabelos, curtos como só a ela lhe ficavam bem. Loiros, muito loiros. Ao colo, um passado que nunca a deixava sorrir sem primeiro olhar por cima do ombro, à espera do que viria, agora, mais uma vez, malfadada sorte, secar-lhe os lábios e encharcar-lhe as maçãs do rosto.
Ela era apenas normal, era assim que se via, mesmo quando lhe diziam - parecia-lhe apenas simpatia - que era especial.
Ela no fundo nem queria nada de especial. Queria, apenas, chorar. Chorar um icebergue a derreter-se. Devagar, mas definitivo, pois toda a gente sabe que um icebergue não volta a formar-se igual. Nem com as mesmas águas.

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