Outro parvo no meu lugar
João Aguardela morreu. A notícia chegou por SMS e foi a primeira coisa que eu soube hoje. Pensava que seria um SMS de bom dia, ou outro da Blockbuster. Mas não, era a vida nua e crua. Foda-se, pensei. Foda-se, respondi.
O João Aguardela morreu! O João Aguardela era um músico. Um criativo. Um génio a quem nunca chegou o sucesso, talvez por ter decido dedicar-se à mulher, que conheceu na banda.
Lembro-me do meu ritual de há 19/20 anos: sextas à noite, dia de concerto dos Sitiados. Não eram conhecidos. Andavam pelas escolas secundárias em Paço de Arcos, Parede, Estoril. E eu lá. Sempre. Sem falhar. Iam ser uma grande banda. Nunca o foram, a não ser para mim e para mais uns quantos. Foi num concerto de Sitiados que conheci, sem ter conhecido, a M., que dançava ao lado do palco, porque era da organização. Só a conheci anos mais tarde, na faculdade. E logo soube que era ela. E logo isso nos aproximou. Logo isso criou em mim afinidade com ela.
Posso dizer que a genialidade do Aguardela me ajudou a fazer uma amizade. Posso dizer que me ajudou em muito mais coisas. A ele e às músicas dele só associo bons momentos. Agora o Aguardela morreu. Tinha cancro. Sacana! Os génios não podem morrer. Nunca. Não podem, não.
Não vai haver outro parvo no lugar dele. Não, não vai. Ninguém lá chega!
Nunca falei com ele. Nunca lho disse. Digo agora: Obrigado!
Comentários
Vou voltar.
Até logo.