Um amor de enxaqueca

Uma enxaqueca e sete bombas depois, a noite chega de novo.
A cabeça não cumpriu a promessa de rebentar, feita durante a noite, mas foi zonzo que passei o dia.
No fundo, a enxaqueca é como a paixão. Bate forte e não nos dá tréguas. Toma-se comprimidos e não se vai embora. Após muita persistência lá desiste. Esconde-se de novo nos mistérios que nem os médicos sabem explicar. Sabe que vai ter novas oportunidades para sair da toca. E que talvez o faça num dia em que já não haja comprimidos que a matem à nascença.
A enxaqueca é como o amor. Quando não é morta de início, cresce desmesuradamente e tira-nos a capacidade para olhar. Os olhos passam a estar fechados. E quando, no máximo, se semi-abrem, não nos permitem ver.
A enxaqueca é como a morte - oh, sorte!!!!!! Chega sem avisar e nas alturas mais improváveis. E mesmo que a fintemos por uns dias, vai sempre voltar. Forte. Cada vez mais forte...

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