A viagem de K.

"Aqueles nove meses de namoro foram os mais felizes da minha vida adulta". K, 25 anos, teve os seus nove meses de namoro mais felizes. Os seus nove meses de felicidade.
Tinha um namorado que adorava. Ele cristão, ela hindu. A família dela, vegetariana, sem saber que ela come carne - até a de vaca! - aprovava a relação.
O rapaz, afinal, era adorável. Tinha uma mãe médica, contava-lhe histórias tristes de quando o cão dele morreu. Fazia-a feliz. Nove meses depois, o pai dele morreu. E ela foi ao funeral. Conheceu a "sogra". Que com ela desabafou. Sempre quisera ser médica, mas não tinha conseguido. A família era pobre. O marido alcoólico. O máximo que tinha conseguido era tirar o curso de enfermagem. Nada mau, numa India pobre. O rapaz, o tal dos nove meses de felicidade louca, era, afinal, um mentiroso compulsivo. Nunca teve sequer um cão.
Não fazia por mal. A ela tanto fazia que a "sogra" fosse médica ou mulher de limpeza. A mentira é que não era bem aceite.
Agora, K. viaja pela Europa. Dois meses e meio de licença no trabalho e uma vontade Ao fim de dois dias em Lisboa cantava o fado, de olhos fechados, como a nossa Amália. Não fugia do tom. Esta é a viagem da libertação de K. Tempo de apagar as mentiras e viver.

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