Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta G

Ajuda preciosa

(Mãe e filho jogam à bola no corredor) - filho agora vou fazer um intervalo para fazer a tua cama de lavado, pode ser? - ah, está bem. (Mãe vai para o quarto, filho segue-a) - Também vens? - sim - queres ajudar? - não. Fico a ver.

Do relvado que já não existe

Ali o Djão fintou o Frasco a meio campo antes de rematar forte para o fundo da baliza. Era o maior relvado do Mundo. O melhor também. Verdinho como poucos, sim porque noutros estádios até azuis os havia. E verdinho era só aquele. Não era daqueles relvados bem cortados, não. Era, pelo contrário, em versão relvado, os cabelos encarapinhados do preto que andava pelas praias da Costa da Caparica a gritar Ééééééé o Oláááááá Xquinhoooo, Ééééééé frutóóóóescolate. Antes de ser o campo em que árbitros invalidaram golos com o até então inédito pretexto de que a bola passara por baixo da baliza - é verdade, posso jurá-lo, ainda que as cassetes onde os relatos ficavam gravados já tenham todas desaparecido - foi estrada que ligava cidades, meio esburacada, mas ainda assim capaz de receber a Volta a Portugal em bicicleta. Anos antes - nem sei já dizer quantos - naqueles troços disputaram-se corridas de Fórmula 1. É incrível como um local pode conter tanta história. Não só desportiva note-se. As ba

Palavras de bebé

A um mês de celebrar três anos, o G. vai alargando o vocabulário. A os 26 meses: -caláco (cavalo) -chanho (desenho) -bulita (bonita) -mêlho (vermelho) -vête (verde) -amaguélo (amarelo) -balicha (baliza) -michi (Miffy) -pôpa (sopa) -sopa aos 27 meses -bulaichas (bolachas) - bolachas aos 27 meses -paschina (piscina) - piscina aos 27 meses -quên (quente) -pequé (colher) -lhálhá (laranja) -nêspa (nêspera) -mangos (morangos) -chiais (cereais) -chiu (frio) -nôcha (cenoura) -cananino (pequenino) - pôchôra (professora) -terra (escorrega) -cicoleca (bicicleta) -cicolico (triciclo) A os 32 meses: - pióco (helicóptero) - tompapé (pontapé) - fizei (fiz)  - cótis (cócegas) - gasonila / zugulina (gasolina) - camanino (pequenino) - escavaleita (escavadora) Aos 35 meses: - Xocoranque (restaurante) - xumafos (semáforos) - pão com manqueita (pão com manteiga) - palinha (pilinha) - gutolico (iogurte líquido) - Rrodôie (corredor) - Aboxés (avós Zés) - Carres Faí

O milagre de ter dois anos...

Ao acordar, bem disposto, de uma sesta mais curta que o habitual, vira-se -entre muita conversa - e apontando para o tecto do quarto diz: "a avó do céu pôs uma rosa ao Jesus"

Dia do pai

Imagem
Aos dois anos oferece as mãos

Dual.Idades

daqui a duas horas, mãe, o teu neto faz 2 anos. E eu tenho tantas saudades tuas...

De como nasce um vegetariano

Imagem
A pouco menos de um mês de celebrar o segundo aniversário, o meu filho confrontou-se com dura realidade. Já tenho pensado, por algumas vezes, como pode ser cruel estar a dar-lhe arroz de pato enquanto ele vê um livro com figuras de patos e lhe digo «come o arroz de pato, filho»; «olha o pato tão giro, filho, no livro»., o que por vezes o leva a responder  «os bichos», algo que também faz quando se apresenta com o seu balde repleto de animais de plástico, cujos nomes e sons vai aprendendo. Claro que entre o pato que ele vê em desenho, de cabeça para baixo e rabinho para o ar, e aquele que lhe surge no prato não existe qualquer linha de ligação. São, para uma criança de dois anos, mundos que não se tocam. Hoje foi, então, o choque definitivo! Aproveitámos o facto de estar em casa para usufruir da companhia do meu pai e do meu sogro. Comprámos frango para o almoço, conversámos, fomos dar uma volta e ao fim do dia passei no Pingo Doce, onde comprei um quilo de camarões (uma maravilha

da pureza

A mão no peito ao ver a última fotografia, o sorriso genuíno de amor. "Ixé a buó! Aqui... aqui..." (a avó está no nosso coração...)

Um filho e a perda da avó

De repente é dia 31 de Dezembro e já lá vão praticamente 5 dias desde que a minha mãe nos deixou. Hoje como naquele dia, vou-me segurando como posso e se por um lado ter um filho por perto é algo que muito ajuda a rir, genuinamente, é também por ele que muitas vezes as lágrimas vêm aos olhos. Custa, por exemplo, pensar que ele não volta a ver a avó, mais ainda quando ele começa a dar sinais de não entender o porquê do súbito desaparecimento. A meio da sesta da tarde, por exemplo, acordou aos gritos. Quando lá cheguei, olhei para todos os lados e perguntou, perdido: «Avó?». O normal seria acordar à tarde, da sesta, e a avó estar na sala, onde, juntos, brincariam até a avó se cansar e ele ficar com as pilhas a meio. Tive de explicar-lhe que a avó não estava cá, isto enquanto tentava disfarçar as lágrimas. Prometi-lhe que se fizesse "ó-ó" iríamos ver o avô a seguir - (estava já combinado um lanche) e lá o convenci a continuar a sesta. Acordado, papa devorada, hora de sai

Para um filho, começando por um pai...

Não há outra forma de dizê-lo, pai: anteontem, a mãe morreu. Haverá? Foi-se, partiu, deixou-nos, faleceu, desencarnou, não resistiu... Que diferença faz? Foi uma maldita pneumonia que a levou, eis o que constará dos relatórios dos médicos. Que o líquido nos pulmões a enfraqueceu, que o coração ficou fraco, que os rins pararam, que o corpo não conseguiu reagir à medicação. Tretas. Quer dizer, tudo verdade, mas tretas. Não foi nada disso. Filho, a tua avó não era deste mundo. Regressou a casa, apenas. Era um anjo entre nós, e dela tenho agora tanto para te contar que já sei que nunca tal caberá na pequenez dos meus dedos, nem na velocidade do meu pensamento... Poderia começar por dizer-te, filho, que a tua avó Zé, a buó, como lhe chamas, era o tipo de pessoa que dava as camisolas caras, que recebia de presente, a pessoas que delas mais precisavam, que o dizia, orgulhosa e sem problemas, a quem lhas dava. Que a tua avó, filho, era o género de pessoa que saía de casa, todos os dias

Mas...

Aquele momento em que uma choradeira incontrolável enquanto se dorme é resolvido simplesmente com duas festas na barriga e a oferta para a mão de uma girafa de peluche...

Carta a um filho (para memória futura)

Meu querido, Já levas quase dois anos de vida e neste quase entra o exagero de um pai que ao ver-te com 19 meses se pergunta para onde foi o tempo passado, por onde veio, por entre que dedos fugiu. Ainda não falas - ou melhor, falando não conversas, porque de português vais sabendo apenas naum, pê-pê, que é a tua pera, bô, abuó, manman, pápá, opa, e mais meia dúzia de coisas - mas entendes o que te vou dizendo. Percebes quando vais para a escola do Tigre, que é como chamo à creche onde andas, porque lá tem na parede a pintura de bonecos gigantes do Winnie the Pooh e do seu amigo tigre, mas se te tentasse falar de economia o mais certo seria que me olhasses, me virasses costas e dissesses uma daquelas tuas frases: "otapa manupch etetei mamã".. E é por isso que te escrevo. Não faço ideia de como será a tua vida quando leres esta carta - se alguma vez chegares a lê-la - mas importa que percebas um pouco como chegámos ao dia de hoje, e porque chegámos aqui com a necessidade

Páh

Imagem
Há um ano, tinha o G um mês e uns quantos dias, brindou-me com um sorriso. Na verdade, para ser exacto deveria ter escrito com O sorriso, carregando mesmo no "shift" para tornar o "o" em maísculo, uma vez que aquele sorriso foi o primeiro que a pequena criatura esboçou depois de nascer. Hoje, um ano volvido sobre esse dia, houve muito mais que um sorriso, houve também sorrisos para muito mais gente que para mim, e tudo isso foi magnífico. Como o foi o cartão que na creche as educadoras prepararam para mim, com a colaboração do G. Posso dizer sem arriscar muito que este foi o primeiro dia do pai em que alguém me chamou pai e me sorriu ao mesmo tempo. No próximo - daqui por um ano - alguém há de sorrir, chamar pai e fazer algo mais; e daqui por dois anos em vez de três pérolas para recordar terei quatro, ou cinco, ou seis. Quando se é pai, há um desafio que assume prioridade sobre todos os outros na vida: viver sempre mais um dia, mais um ano, para ver sempre mais

Ausente, sim

Imagem
Porque será?

A vida num só dia

Imagem
- O teu filho pôs-se em posição de gatinhar! - Grava, grava. (...) (...) -Gravaste? -Gravei. Gravar é, claro, filmar; E é em filme que a maior parte dos pais acompanham o crescimento dos filhos. Um filme contado, não gravado com qualquer dispositivo, um filme filmado, fotografias, enfim, qualquer coisa serve. Hoje cheguei a casa e a câmara (não tão moderna como a da imagem que o google me emprestou) sorria para mim, em cima da mesa, mesmo ao lado do tapete de actividades onde, supostamente, o meu filho se colocou em posição de gatinhar. Liguei a assistente de cozinha para fazer um peixe cozido e dirigi-me à sala. Mirei-a de longe, aproximei-me e ela não resistiu. Liguei-a e espreitei. Viajei no tempo para ver se o meu filho tinha gatinhado (a mãe dele, entretanto, adormecera em cima da cama, provavelmente ao mesmo tempo que ele, noutro quarto, adormecera). Percebi que não, que aquele menino que hoje de manhã me deu o olhar amuado número 1 (porque foi o primeiro dele) não ti

Coisa de homem

Imagem
Sem palavras

No U-Turn

Imagem
Aos 28 deste Abril, sinal de proibição de inverter o sentido de marcha. O mesmo é dizer: tempo de seguir em frente. Sem obstáculos à vista, o caminho não foi fácil nem agradável, mas chegar aqui inteiro foi uma vitória. Não é hora de sorrir, pois nada há a celebrar. Os sorrisos estão guardados, sim, para usar a partir daqui. A 100 por cento e sem obstáculos pela frente. Vamos a isto os três, vá. (viva nós)

Um sorriso

Imagem
Escasseia o tempo para escrever no blogue, mas não as emoções. Foi a 15 de Fevereiro que o Gabriel (me) nasceu e desde então tenho vivido os melhores dias da minha vida. O melhor mês já lá vai, na certeza porém de que este que já vivemos será, de novo, o melhor de sempre, ainda que menos bom que o terceiro. É, pois, ponto assente: quando temos um filho, ganhamos outra vida. A dado momento, todos teremos pensado que fizemos grandes revoluções. Talvez ao mudar de emprego, ao trocar a namorada, ao escolher o carro dos sonhos, ao fazer aquela viagem inesquecível. A dado momento todos tivemos a maior alegria do Mundo. Aquele golo da nossa equipa naquele jogo decisivo, a explosão de felicidade, em frenética euforia, em espasmo de realização máxima. A verdade, caros amigos, é que esta é uma felicidade diferente. Em momento algum dei por mim perto de saltar e gritar para comemorar. É uma alegria serena, uma implosão por oposição à explosão. Algo que nos vai entrando muito devagar na alma, talv

Nasceste-ME

Um filho não nasce. Nasce-nos um filho. E como outras coisas que nos nascem, um filho é algo que - sabemos da primeira vez que ele nos olha nos olhos - nos vai continuar a nascer a cada dia. E que nos faz renascer. É fácil dizer o que já toda a gente disse. Mas como é verdade, eu digo também. Um filho é a expressão do amor como nunca alguém o conseguiu explicar.

2011, ou carta a um filho que está quase a chegar

Imagem
2011 não é um ano. 2011 é um dia. É o dia em que tu, meu anjo, vais fazer-me chorar de emoção. Já o fizeste em 2010, mas aí tinha-te visto apenas na "TV", em pequenino mais pequeno que tu, e amarelo como os Simpsons, o que foi já mais que o negativo em que te vi antes. 2011, meu pequeno anjo, é o ano em que vais ganhar um rosto. Não que não o tenhas ainda. Já to vi. Não o de Simpson, claro, que esse em ponto pequeno era o meu, em ponto grande era o da mãe. Não, meu anjo, fiquei convencido de que serás mais parecido com o Brad Pitt, por certo. Afinal, se ele é o mais belo para as mulheres, então no mínimo serás como ele. Serve este disparate (admitir que possas ser apenas tão bonito como o Brad) para te mostrar como é o amor de um pai. Isto digo eu, claro, que nem sei bem o que é isso de ser pai. Sei o que é sentir-te mexer por baixo da pele da mãe, sei o que é levar (de ti) pontapés nas costas à hora de dormir, sei o que é ver-te aos pulos enquanto, com uma lanterna, te tiro