Se soubesses a falta que me fazes... (an interlude in bloguedenotas, mas algo que estava cá dentro há muito tempo e não havia maneira de sair)
Nunca te tratei por tu! Sempre foste o avô Eduardo. Sempre foste aquele senhor muito inteligente que sabia responder a perguntas como "võ, quantas cidades tem Portugal". Pensavas um bocadinho. Dizia-las uma a uma - que dirias tu agora, se soubesses que há tantas mais? - e no fim dizias, seguro de ti: 27. Sempre foste o homem que sabia tudo. E que, além disso, tinha o sentido de humor mais apurado. Bebias chá e cheiravas a torradas feitas pela avó Elda. Isto enquanto me ensinavas inglês e, mais incrível, a escrever português. Nunca esquecerei a composição que me mandaste fazer sobre a minha primeira viagem de avião (à Madeira). E de me dizeres que eu devia brincar com as palavras. Sempre foste o meu herói. O pai que estava lá enquanto o meu pai trabalhava. Sempre me trataste como filho. Sempre foste tudo para mim! Ainda és! Sabes? Nunca te disse tudo o que tinha para te dizer, porque sempre tive medo de não ser o que tu querias que eu fosse. Desculpa-me tratar-te por tu. Logo ...