Que lembrarei daqui a 28 anos?

Lembro-me dos dias em que íamos para a Costa de Caparica. Quatro adultos, três crianças. Todos num Fiat 128; de passar a ponte; das cantorias; das corridas de gafanhotos; dos pratos de plástico para as crianças; de aprender a andar de bicicleta com rodinhas; depois, sem...; das corridas de corta-mato; dos gambuzinos; de apanharmos sapos, ou rãs, ou lá o que era; dos figos; de jogar à bola na eira; de vibrar com o Marco Chagas na Volta a Portugal; do cinema que era uma cortina com bonecos parados, com a luz acesa por trás; de ter saudades de casa; da noite com duas luas (diz que era um OVNI); de acordar para ir a casa do avô Luís e da avó Dulce ver o Flash Gordon da TV a cores, aos sábados de manhã; de nem gostar particularmente do Flash Gordon; das reacções alérgicas na pele; dos Kalkitos; dos carrinhos de Fórmula 1 a pedais; dos carrinhos de rolamentos que nunca funcionavam; de jogar futebol de mesa; de levantar tacos em casa dos avós e lá esconder cartões de visita do avô Eduardo escritos em chinês; de a avó Elda comprar pratos com bonecos para me convencer a comer os 153 acompanhamentos que cozinhava; de nunca ter tido uma pistola de cowboy; de me sentir rídiculo mascarado de árvore, com uma touca na cabeça, e de me perguntarem se estava mascarado de papagaio!!; de ter um medo louco que os meus pais se separassem; de desejar morrer no mesmo dia que eles (ao mesmo tempo, para nunca ter de sentir saudades); de o maior drama da minha vida ser as férias grandes durarem apenas quatro meses...

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