Retalhos da vida de um actor

António S. olhou pela última vez para o guião. Respirou fundo. Calçou as luvas brancas e meteu o capacete do escafandro. À moda do teatro onde tentava relançar a carreira até parecia um astronauta. Olhou-se ao espelho e disse entre dentes... vai, desta vez vai tudo correr bem.
Os dedos de Filipa, a assistente recém contratada, tocaram-lhe ao de leve na porta do camarim, sinal, toda a gente do teatro o sabia, que a sua hora de entrar em palco chegara.
Caminhou com calma pelo corredor e confiante subiu ao palco número dois dizendo as palavras que sabia serem as certas ("A última fronteira do homem é a sua própria mente). 10 segundos depois a cortina corria e António, de capacete debaixo do braço, abriu os olhos, admirado com o ruído. Uma gargalhada nervosa de duas mil pessoas rebentava-lhe os tímpanos. À sua frente, um homem e uma mulher, seus colegas actores, reconhecia-os agora, olhavam-no estarrecidos. Vestidos de cowboys caminhavam para ele, com um cacto na mão.´
Quando acordou, com meia dúzia de elementos da equipa à sua volta, ainda as palavras "António, a tua peça era no palco número um!" lhe martelavam o cérebro...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Uma ida ao endireita

Laser Tag Alfragide - Login ou Logout. 5 notas fundamentais