Mensagens

A mostrar mensagens de 2014

Lidar com as saudades

Às vezes penso que sou de ferro, que sou um insensível que tantas e tantas vezes nem consegue sentir o pulsar de um dia, quanto mais o da morte da mãe. Depois vem o dia em que faz dois anos, e o momento de quebra. Sem qualquer responsabilidade, ocorreu pelas 17 horas, quando, a brincar o meu filho me acertou com uma palmada forte na cabeça. Lembro-me de olhar para ele, ele para mim, de nem lhe ter ralhado. De querer dizer-lhe que tinha batido com força e que isso não se fazia, mas de não conseguir soltar palavra. Foi esse o momento em que se esvaiu de mim a energia que me tem mantido sereno, aparentemente desligado, ao longo deste segundo ano. Agora sim, passou o segundo ano. No primeiro sofri muito todos os dias. A toda a hora. No segundo passei quase ao lado, como que a compensar-me pela perda. Entrámos no terceiro, e agora? PS: durante o dia, muitas pessoas de quem gosto quiseram telefonar-me, mandaram sms, etc. Senti-me como se fizesse anos alguém e me quisessem dar os para...

Vai ser uma mana...

Eu e a S. decidimos conferir alguma solenidade ao acto de informar o G. de que o resultado da ecografia morfológica confirmou aquilo de que já vinhamos suspeitando: que o bebé que lá vem é uma menina. Como quem não quer a coisa, a S. veio ter comigo perto do meu trabalho e levámo-lo ao "cóscurante da menina" que é nem mais nem menos que um H3 onde ele fez amizade com uma das empregadas (uma cena deliciosa, diga-se). Sentado à mesa, entre uma dentada num croquete e um disparate, lá decidimos levar a cabo o plano. S -  Sabes, G, eu e o pai fomos ao doutor da mamã G - Fomos? S - Não, eu e o papá é que fomos, tu não. Eu - E sabes o que é que o doutor disse? G - Sim. S e Eu - Sim? O quê? G - (Silêncio) S - Bom, o doutor esteve a ver o bebé na televisão e disse que é uma menina. Vais ter uma mana. E vai chamar-se D. G - (silêncio; boca aberta, sustém a respiração durante cinco segundos, depois de o lábio de baixo tremer como se fosse chorar) Mmm, mm, mas eu vou ter um...

A voz

Quando a minha mãe morreu, está quase a fazer dois anos, tive uma preocupação daquelas tolas, que só tem quem perde os que ama. E se um dia esquecesse a sua voz? Gravei-a, pois, para me assegurar de que tal não aconteceria. Tenho no meu email, para nunca perder, o ficheiro de som com a única voz que dela podia, então, ouvir. "Fala a Zé. De momento não posso atender. Deixe mensagem." Das primeiras vezes que ouvi chorei. Descontrolado, talvez. Gravá-la, aliás, já foi sinal de descontrolo, diria hoje. Mas, raios, quem quer controlar-se depois de perder a mãe? Contei-o à S. e ela disse-me que não precisava. Que não esquecia a voz dela. E que eu também não esqueceria. Eu tinha esse receio, sim. Mas hoje apercebi-me de que a S. estava certa. A voz que ouvi era igual à que oiço tantas vezes no silêncio quando quero recordar a minha mãe, O texto, esse, é que é sempre o mesmo. Talvez por ser o que tenho à mão. Dia 26 assinala-se o segundo aniversário da partida dela. Não cons...

Marketing para totós

Há mês e meio pedi orçamentos a vários ginásios. Um deles, do grupo Holmes Place, que me agradou, queria cobrar-me nos dois primeiros meses mais de 70 euros. Optei por outro, com o qual estou satisfeito. Hoje recebi um sms do tal HPba dizer que tem uma campanha em que cada um dos dois primeiros meses sai a 15 euros. Que giro, muita coisa mudou. A principal das quais que eu já estou inscrito noutro ginásio onde me sinto bem. Ontem ainda recebi um telefonema do Meo. Queriam falar-me das vantagens de comprar um telemovel qualquer com os pontos acumulados. Lá lhes expliquei que sou informado e que se quiser um dos telemóveis que vendem consigo comprá-lo mais barato sem ajuda deles e sem gastar pontos. Às vezes acho que a malta que pensa as promoções pensa que somos todos burros...

Sofrer sem rádio

Não ter relato, apenas um telefone com internet e uma aplicação que sinaliza os golos. E em silêncio passar 90 minutos a ver se temos rede. Sofrer é isto.

Olha, vais ter um mano (um momento lindo em família)

Domingo de manhã. Família deitada, um plano por cumprir. Pai - olha filho, põe a mão na barriga da mãe. Mãe - o pai e a mãe têm uma coisa para conversar contigo. Já viste que a barriga da mãe está grande? Sabes o que è? Filho - sim. É da comida. Mãe - então se eu acordei agora e não comi, como pode ser da comida? Que pode ser mais? Filho - é um bebé? (Disse a sorrir) Mãe - sim. Pode ser um mano ou uma mana. Filho - tu tens um bebé na barriga? (Sorriso a crescer) Mãe - sim e podes ir falar com ele quando quiseres, para ele saber que estás aqui. Filho - (curva-se todo, falando para a barriga) olá mano. Eu sou o Gabriel. Depois quando tu cresceres já podes brincar comigo... Mãe - sabes tu tens uma doutora Teresa e a mãe tem um doutor Miguel... Filho - e o pai como se chama o dr. Dele? Pai - Leonor é a dra Leonor. Mãe - amanh...

Carlos do Carmo: bonita homenagem

Imagem
Bato palmas, de pé,a quem, na Rádio Comercial, teve a ideia (e a pôs em prática) desta belíssima homenagem ao Carlos do Carmo.

Vistos Dourados à portuguesa

Se fores um corrupto estrangeiro e comprares uma casa de 500 mil euros em Portugal, recebes um visto dourado e passas a poder andar livremente pela Europa. Se fores um corrupto português que vende vistos dourados aos corruptos estrangeiros, então vais preso. Ironias da portugalidade. (quem diria: tantos amigos de Cavaco Silva metidos ao barulho)

Legionella num país a sério

Dizem que com a idade vamos ficando mais brutos (isto há de dar uma crónica) e é bem capaz de ser verdade. Pelo menos paciência vamos perdendo. E é por isso que hoje digo sem problemas que estou farto de ver que em Portugal nada acontece a quem não cumpre leis, a quem é chico-esperto, a quem prejudica os outros para ficar melhor. A propósito do surto de legionella, que matou até à data cinco pessoas e levou centenas para os hospitais, fala-se de crime ambiental cometido por uma empresa privada. Presumo que no fim nada lhes aconteça. Ou, pelo menos, nada que a todos nos faça sentir que foi feita Justiça. Num país a sério eu sei o que acontecia: os responsáveis da empresa eram julgados por crime ambiental e por homicídio por negligência; a empresa pagava ao Estado tudo o que este gastou a tratar os doentes; a empresa indemnizava todos os que ficaram doentes; a empresa pagava indemnizações exemplares aos que perderam familiares. Se, no fim, a empresa não tivesse como pagar, fechav...

Arrogância intelectual

A propósito disto: "Caro colega, O texto assinado por si que saiu no PÚBLICO de 5 de Novembro com o título de “Ciência diluída” deixou-me profundamente zangado: o seu ataque à homeopatia não tem pés nem cabeça, é insultuoso, mentiroso, e demonstra uma ignorância inacreditável porque a homeopatia começa a ser levada a sério pela medicina convencional em todo o mundo e há protocolos homeopáticos em uso e experimentação pelos mais rígidos e incrédulos cientistas das mais perfiladas instituições académicas e hospitalares. Houve um dia em que acordei de manhã com um alto no pescoço. Verifiquei com o meu dentista: não tinha nada que ver com dentes. Depois fui ao meu otorrino: “O senhor tem uma massa na faringe”. Fui fazer um TAC: era um cancro de grau IV – ou seja, letal. Metástases na cadeia linfática, etc. Consultei vários oncologistas aqui e ali e até acolá (no estrangeiro): três a quatro meses de vida.  As armas deles, nucleares (rádio), químicas e convencionais (cirurgia), n...

A vida num jogo de computador

Imagem
Nos últimos dias vou tendo cada vez mais dificuldade para conversar com os meus amigos: andam, muitos deles, a estudar o mercado e à procura de jogadores para reforçar as suas equipas de futebol. E não, não sou amigo da maioria dos diretores desportivos ou presidentes de clubes de futebol. Simplesmente, anda aí o novo Football Manager (o 2015) que, na eventualidade de alguém não saber o que é é um jogo de computador que nos coloca na pele de – como é que adivinharam? – manager de um clube à nossa escolha. Desde a versão 2010 que estou limpo desse vício. Em grande parte por razões económicas – já não tenho vida para andar a juntar dinheiro para comprar computadores novos à medida que a capacidade de processamento exigida para correr o jogo aumenta – mas também não tenho tempo para as 2500 tarefas que são exigidas aos treinadores de sofá. Claro que recordo com carinho os dias em que sozinho cantava as vitórias do Scunthorpe United ou do Yeovil Town, que com tanto esforço l...

Die...

Between Two Ferns with Zach Galifianakis: Brad Pitt Pelos vistos sou dos poucos a achar que isto tem pouquinha piada.

Aparentemente isto é giro (mas é só aparentemente)

A  Union Advertising Canada é uma agência de publicidade e não só foi premiada por aparentemente ser muito criativa, como também fez um vídeo que anda aí a percorrer os murais das redes sociais como se fosse muito divertido.  O Mundo ri-se do título This Agency Rewards It's Employees in the Most Amusingly Sadistic Way Possible  e glorifica a diversão que foi brincar com o muito trabalho que lhes terá dado serem bons. Divertidos fizeram então o vídeo em causa, no qual mostram os patrões da empresa a dar um prémio aos seus maravilhosos trabalhadores: dois minutinhos ao pé da família que há muito não viam. Há pormenores de facto engraçados no vídeo, se quisermos não pensar muito na coisa, como por exemplo o pai que identifica o filho, já crescido, por ele estar com uma tshirt igual à que vestira muitos anos antes. O problema, caros amigos, é que este é o tipo de piada que pode até fazer alguns sorrir - não eu - mas que mais não é do que a glorificação de tudo o q...

O que é isso de salvar a humanidade?

Imagem
São anos sem ir ao cinema e de repente vejo um trailer e no dia a seguir estou sentado numa sala, com o meu pai, a ver o Interstellar  no dia em que ele estreia (benditas sessões das 13 horas). Fonte: IMDB.com À parte ter gostado bastante do filme, deu-me particular gozo o facto de me fazer pensar de novo no que é isso de querermos salvar a humanidade (a espécie humana, para ser mais exacto) e de quais os sacrifícios que tal justifica. Gostei também dos conceitos físicos aplicados e que, dizem-me as crónicas, plausíveis porque sustentados por conhecimentos científicos validados por especialistas (naturalmente, do ponto de vista teórico). Como ficar indiferente à ideia há tantos anos apreendida e entretanto "esquecida" de um viajante no espaço poder numa só hora ver os seus familiares, na Terra, envelhecerem vários anos? E como isso poderia influenciar alguém a decidir-se por uma missão de salvamento da humanidade? E que é isso, afinal, de se salvar a humanidade? ...

O segundo filho gera mais expectativas que o primeiro

Isto dito de forma mais simples é "vou ser pai pela segunda vez", mas isso é tão simplista que fica já combinado que jamais o direi desta forma. Seja a quem for, em que circunstância for. O significado da repaternidade  é algo que nem eu nem a S. conseguimos ainda interiorizar. Sempre o quisemos - das primeiras vezes que falámos do assunto tínhamos até nomes para três, mas a idade de um e de outro já o desaconselha - e foi com alegria que ficámos a saber que lá para abril do próximo ano cumprimos aquela suposta obrigação de deixar no Mundo tantos quantos fomos (como se isso fizesse falta alguma num planeta sobrepovoado como o nosso). Mais do que isso, eu filho único me confesso (poderia confessar também a S., igualmente filha única): o que fizemos foi dar um salto para algo que desconhecemos em absoluto. E isso preocupa-me vezes sem conta. Claro que tive primos e amigos com irmãos, que percebo o conceito de uma vida a quatro numa casa, mas experiência tenho zero. Jamais t...

Pobrezinhos

- Tu vê lá, não me apareças aqui com uma garrafa de vinho dessas de três euros grita ao telefone, a rir-se como um alarve da sua graça, o ricaço já com uns copos a mais de vinho de 20 euros a comandar-lhe a voz.

No País de Faz de Conta

Os crimes andam por aí, espraiando-se em páginas de jornais, e quase todos lhes fecham os olhos. Muitos fazem por calá-los e outros fingem apenas que são pitosgas. E então, os que os topam, percebem quão perigosa e poderosa é a rede que está montada.

Quando o ATL se transforma em algo mais

Primeiro dia no pré-escolar, e a frase da semana: - Já tenho farda como os meninos do hotel!

Porque há dias para lembrar

Imagem
Descobri esta versão de uma canção dos Arcade Fire que tantas vezes usei para adormecer o G. Na verdade, foi o G que a descobriu, com a mãe, e daí até mim foi um pulinho, «In an ocean of noise I first heard your voice Ringing like a bell As if I had a choice, oh well!» PS: Este é um dia feliz (ao contrário do resto não transcrito aqui da letra desta canção)

Cavaco e a rainha Letícia

Imagem
Porque há imagens que não podem perder-se... (A primeira visita como rainha de Espanha de Letícia Ortiz a Portugal e logo o presidente Cavaco Silva lhe... Lhe... Bom... Lhe fez qualquer coisa à mão... Ao dedo... Errr...)

Morreu o Rui Tovar

Não tenho grande paciência para a morte. Acho-a irritante, acho-a parva e, sobretudo, apressada. Hoje levou o Rui Tovar. Acho que nunca conversei com ele. E, no entanto, foi-se também parte de mim, na medida em que (também) ele me ensinou futebol, me ensinou jornalismo. Foi com ele na sala de estar da minha casa que assisti a vários jogos importantes na TV. Acho que ele foi mesmo grande. Um gigante disto que é o jornalismo e o desporto. Deixa amigos, deixa família. Ao filho, Rui Miguel Tovar, deixo um abraço. Ele vai perpetuar o nome. É um grande jornalista e, dizem-me os amigos dele, um bom amigo.

15 mil dias de vida!

15 mil dias por cá.  Destes. 1225 já como pai; 2039 oficialmente ao lado da mãe do G. Tem valido a pena.

Uma dúvida (e o primeiro dia de praia com a escola)

São quase 16.30 do primeiro dia em que o G. foi com a escola para a praia pela primeira vez. Voltavam às 11.45. Até agora não me telefonaram a dizer que algo correu mal. Das duas uma: ou correu tudo bem ou o meu filho conseguiu perder a chave do autocarro e destruir os telemóveis das educadoras todas...

Das entregas Nespresso e dos tarifários IT diário do Meo

A idade torna-nos intolerantes - mais intolerantes, vá - e isso faz-nos reparar mais vezes no que está mal. Por vezes reclamamos com aquilo que antes deixávamos passar. E isso, caros amigos, não é mau. Ainda que possa parecer-vos muito desagradável - sim, ainda ontem, em conversa com um colega, dizia-lhe que agora reclamo bastante e logo fui comparado a uma amiga dele que pede o livro de reclamações em todo o lado, isto seguido de um torcer de nariz de quem não está para se chatear. Pois eu estou. E o melhor de tudo isto é que não me chateio quase nada. Atingi um ponto tal de equilíbrio "protestante" que já me limito a protestar com calma e, quando necessário, por escrito - sempre na esperança de que tal possa mudar o que está errado. Recentemente, expus por escrito duas reclamações. Uma à Nespresso, outra ao Meo (ex TMN). Em ambos os casos, percebi que vou ficar na mesma e, pior que isso, que a guerra contra a desumanização (e robotização) do atendimento aos clientes est...

Começou a Copa (e o Brasil foi goleado)

Imagem
Fonte: Globo

Da geração rasca à era da impreparação

Quando em 1994 Vicente Jorge Silva falou de uma "geração rasca", aquela que protestava contra  a ministra da educação Manuela Ferreira Leite, Portugal dividiu-se. Passados 20 anos, esta geração supostamente rasca, está agora a chegar aos 40 anos, e o que se percebe agora é que Vicente Jorge Silva errou. Por simpatia, quero eu dizer. Ao classificar aqueles jovens como rasca - especificamente aqueles, daquela geração (rasca, disse ele) - colocou todas as outras gerações de fora. Ou seja: quem os antecedeu seria, então, de gabarito, por oposição à rasquice destes. A vida tem-se encarregado de provar que o que há 20 anos parecia um bom conceito - ou pelo menos um bom ponto de partida para a discussão - era algo que surgia já 20 anos atrasado, também. Eu explico: ao atingirem 40 anos por esta altura (uns 45, outros 35) os jovens daquela suposta geração rasca estariam, supostamente, a atingir agora o pico das respectivas carreiras. Teriam passado a fase da aprendizagem e cons...

Soltas - aos três anos e quatro meses

Na loja para comprar uns chinelos para a praia o pai diz "boa noite"; a mãe acrescenta "boa noite, vínhamos à procura de uns chinelos, sabe, o peito do pé dele é alto..." mas é interrompida pelo petiz. "Olá senhora. O meu número é o 27". «Muito bem», responde-lhe a moça. «E de que cor gostas mais?» Ele, já sentado no banco, olha de lado, estica o braço - como que apontando para a desejada - e responde: «Azul». E assim se faz um negócio em menos de 5 minutos. Só faltou ser ele a pagar, claro. ------ Na feira do livro, já depois de voltas e voltas, cansado, com vontade de dormir uma sesta, o jovem pede colo à mãe. Exausta, a bonita jovem tenta negociar um período no chão, o que me leva a intervir. «Filho, queres vir um bocadinho ao colo do pai». A resposta do petiz sai-lhe disparada: «Nãããõ» (assim mesmo, arrastada, com tom de desprezo...). Como que sentindo que era conveniente justificar-se, lá se deu ao trabalho, enquanto, com os dedos de uma mão f...

"O amor não tem fim"

Exercício do dia: Biblía aberta ao acaso, depois de um período de reflexão sobre vários assuntos. A primeira frase lida: "o amor não tem fim". O prazer que se tira de coisas pequenas pode, muito bem, ser a chave para uma vida menos pesada...

Sobre as expectativas e as euforias

Não sei se é de mim, mas acho as expectativas cada vez mais nonsense. Isso e as euforias. Os dois e a posse. O futebol ajuda-me a explicar. A primeira vez que vivi uma euforia futebolística com em 1989. No estádio Nacional o Belenenses, faz dia 28 25 anos, ganhou ao Benfica a final da Taça. O único título que vi ao meu clube em 40 anos (quase 41 de vida) - os da segunda divisão não são títulos, são nódoas. Lembro-me de como antes do livre directo marcado pelo Juanico enrolei o cachecol na mão. E como o atirei para a frente na celebração do golo, não o perdendo apenas porque tinha dado um nó na outra ponta, no pulso. A emoção que este momento ainda hoje me traz vem de outras vidas. De quando era miúdo e passeava com o meu pai. De quando a minha mãe estava em casa à espera. De como sorria e me ria com alegria genuína. Lembro-me bem de ter querido vibrar numa festa como as que via na TV. Encher as ruas com gentes do Belenenses. Quando cheguei a Belém, já a festa tinha acabado (uma ...

Dia da mãe

Já não é novidade passá-lo sem ti, mas não me fazes menos falta que antes... Se te alegra, a ti que andas aí a saltar de nuvem em nuvem e a olhar para nós, hoje senti-te aqui pertinho. E sinto-te e vejo-te a cada momento em que, olhando para o lado, a S. carrega ao colo o teu menino. Tenho saudades tuas. Todos os dias. Manda aí um beijo meu à Manuela e diz-lhe que um dia - Deus permita que daqui por muito tempo - hei de conhecê-la e agradecer-lhe por ter sido mãe da mulher que amo.

de uma imagem

A capelinha ao cimo da avenida da Torre, onde te casaste com o pai; as pedras brancas, sujas; o teu sorriso. Eu menino. Nós família. A máquina fotográfica. O pavilhão e os jogos de hóquei em patins. Os rebuçados de menta, o cheiro a tabaco de cachimbo. Às vezes, de repente, voltam para lembrar o que já é só memória. As saudades, mãe, as saudades...

Acordado e desperto (e firme no antilacticianismo)

Março foi um mês de férias. Vá, Março deu-me 15 dias de férias e nos restantes dois fins de semana longos de folga, em casa. Espertinho, arranjou maneira de ser o meu mês preferido do ano, é o que é. Julgo ter ficado claro nas linhas acima porque não tenho aqui vindo escrever. Mais: porque não tenho vindo aqui escrever apesar de tantas coisas se passarem. De forma resumida, e também porque não quero ainda entrar em grandes detalhes, desde a última vez que aqui passei a minha vida tem mudado substancialmente. Principais alterações: saúde. Ou busca por ela. Antes de mais, o sono: sou hoje outra pessoa. Hoje, quando durmo, durmo. Respiro e descanso. Já voltei a entrar nas fases de sono profundo e sonho como se quisesse recuperar tudo o que ficou para trás. Vocês que dormem bem e não sofrem de apneias de sono, nem imaginam o que significa acordar de um sono e não ter o corpo dorido. Isso é a vossa vida, para mim é uma novidade. E, acreditem, desta novidade nascem muitas outras. Todas m...

Do sono, da sua importância. E de mim

Comemorou-se a 14 de março o dia Mundial do Sono. Que chatice, pá, há dias para tudo. Até para o sono. Isto é tão chato que me dá sono. Noutros tempos acho que poderia bem ter dito algo como o que escrevi na frase anterior. No entanto, este dia Mundial do Sono, este concreto quero eu frisar, calhou ser um dia especial para mim. E para o meu sono. Pela primeira vez utilizei um Auto CPAP e pela primeira vez em vários anos dormi uma noite inteira sem ressonar e sem apneias. Nada mau, para quem antes fazia mais de 130 por noite, com paragens respiratórias entre 22 e 36 segundos. Esta noite, pela primeira vez em vários anos, dormi descansado. Acordei sem sono e à tarde, depois de almoço, não adormeci a ver um jogo da Liga Alemã de futebol. Falta informação sobre o assunto e não são raras as pessoas que quando ouvem falar do tratamento (prevenção) ficam admiradas. Afinal, muitas sofrem do mesmo, mas dos seus médicos sempre ouviram coisas como "não há nada a fazer". Há s...

Uma luz que nos ilumina

Imagem
We will always have Paris

36

Imagem
Pode não dar para matar a fome de Londres, mas... parabéns

O primeiro derby do G.

Imagem
Ontem foi a ansiedade. Seria realmente boa ideia levar um miúdo de três anos a ver o seu primeiro jogo de futebol? Sobretudo, sabendo eu que para ele o jogo se confina, por enquanto, a um ou dois corredores, e aos nomes repetidos do Joche (Jesus), do Cadocho (Cardozo), do Rosa (Miguel Rosa) e do Fébi (Fredy), isto além do Cristiano (Ronaldo). Dizendo ele que é do Belém, muitas vezes o apanho a gritar pelo Quica. Vai daí, convencido pelo argumento «é melhor levá-lo a ver um jogo do Belém antes que o Belém acabe» e aproveitando o facto de estar de folga e de haver um Belém-Quica, lá levei a família toda, e mais o Batista, amigo que é porteiro da escola do rapaz, ao Restelo. Não levava grande fé, mas levar o G. garantia à partida que acontecesse o que acontecesse, iria sempre ter com que me entreter. Logo à chegada, ficou maravilhado. A imensidão de um estádio cheio de gente - nunca ele vira tanta gente junta - arrancava-lhe genuínos sorrisos de embevecimento. Descobria com...

Do passado

Imagem
Não me queixo - jamais poderia fazê-lo - da vida que tenho. Por vezes, no entanto, dou por mim a pensar que dificilmente poderei concretizar o sonho de agarrar na minha família e ir mostrar-lhes o Mundo, partes do Mundo de que tanto gostei. E dou por mim a  pensar que não posso pensar nisso. Wat Arun - Tailândia (fonte: google)

Brave

Isto de ser pai leva ao adiamento de, basicamente, tudo. O cinema é uma boa memória que tenho, por exemplo. Há dias aproveitei umas horas livres e vi o Brave. E o que tenho a dizer é: lamentável. A história é básica, o humor pobre, as personagens óbvias. Uma desilusão pegada. Uma perda de tempo, um insulto a clássicos da animação...

Contas à vida

É uma informação inútil, mas que me deu que pensar: assim a vida o permita e a 23 de junho deste ano vou celebrar os 15 mil dias por cá. Destes. 1225 terão sido passados já como pai; 2039 oficialmente ao lado da mãe dele. Será sempre a somar, por mais 15 ou 16 mil com os dois. É, depois, possível fazer todo o tipo de contas. E perceber que desde que nasci até que a minha mãe morreu passaram 14456 dias. E pareceram-me tão poucos. Se alguém quiser deitar contas à vida, siva-se à vontade aqui .

Sui generis

Imagem
Sobre este estacionamento e coisas que tal, havemos de falar.

Desfiado de Pato com Calda (Quinta da Marinha) 600 gramas - um email à empresa

Imagem
Porque acredito, sinceramente, que reclamamos menos do que devíamos; porque acredito que reclamar perante o que se nos apresenta como errado não é ser picuinhas, nem chato; porque acredito que se todos soubéssemos reclamar e não tivessemos problemas em fazê-lo o Mundo seria melhor - nem que por vergonha de quem tenta enganar outros - hoje lá seguiu um email para a marinhave, o maior produtor ibérico de carne de pato, de Benavente. Fica aqui para registo futuro e para que caso alguém procure informações sobre o assunto no google possa saber que antes alguém se indignou. ---------- To:  marinhave@marinhave.pt Boa tarde Antes de mais quero dizer-vos que percebo o tipo de funcionamento da vossa empresa. O Chico esperto pensa: "como vou eu aumentar as vendas do produto?". Dá voltas à cabeça e porque não sabe como fazer negócio com honestidade lembra-se do que lhe parece ser um bom esquema. "Vamos fazer uma embalagem grande na qual metemos uma embalagem de pato e...

Super Bowl 2014

Imagem
Os Denver Broncos, que eram o melhor ataque, foram esmagados pelos Seattle Seahawks, que eram a melhor defesa. Eu que não percebo muito da coisa, ainda que muito me divirta, vi o jogo assim: A superior capacidade técnica dos Broncos na recepção de bola Bom, ao menos a chutá-la deram tudo o que tinham Se tudo o resto falhava, ao menos era em estilo que tentavam fazer Touchdowns Pronto, convenhamos, vá, a defesa dos Seahawks também não era propriamente suave

Ainda a propósito do post anterior

Imagem
Centenas de milhar de indignados enderaçaram-me mensagens insultuosas. A mais suave dizia: «Ve lá, não te caia um dentinho com a piada»

Entretanto, o Sporting tenta chegar ao primeiro lugar

Imagem

O amigo e o amigalhaço

A diferença entre um amigo e um amigalhaço é que o amigalhaço te dá palmadas nas costas e diz-te "coitado", quando fazes asneira. Depois desaparece. O amigo diz-te "fizeste merda" mas depois está ao teu lado a tentar safar-te dela.

Origami: dois restaurantes num só

Apreciador de Sushi, aproveitei a oportunidade que me foi dada em dezembro e comprei vouchers a preços incríveis para jantar no restaurante Origami Sushi Bar, na rua da Escola Politécnica, em Lisboa - considerado pela revista Time Out, e por vários amigos meus, um dos melhores da cidade. A verdade é que esta noite lá fui e de lá saí rendido. Peixe fresco, arroz no ponto, ambiente muito simpático - ainda que a todo o instante se sinta o clima de atrapalhação reinante entre os vários, mas nem por isso organizados, empregados que lá andam - e uma experiência como bem merecíamos (ao fim de três anos, eu  e a S. andamos finalmente a recuperar algum tempo para nós e mesmo não sendo muito, soube bem a pausa). O que há então de surpreendente aqui? Nada. Ou melhor: quase nada. Há duas semanas, ao almoço, mas na companhia do meu pai, entretanto já inicializado com sucesso na degustação sushíca, saímos de lá em choque. A simpatia foi igual. Idem para a atrapalhação dos empregados, mas meus a...

Das inovações no futebol

O Benfica vendeu dois jogadores (Rodrigo e André Gomes) por 45 milhões a um fundo de investimento. Foram dois grandes negócios para o Benfica (logo se verá se também para o fundo), até porque os jogadores continuam no clube. Isto está tão longe de ser claro como a água.

Folgas

Ter mil coisas para tratar. Chegar à folga. Suspirar. Acordar às seis da manhã. De novo às oito. Três horas de sono, depois de uma semana com médias de 4 horas. E um filho que não pode ir à escola porque está doente. É nas coisas mais pequenas que a vida nos vai derrotando.

Do nojo

Acho que já o disse aqui uma vez, há alguns anos, mas não posso deixar de voltar a desabafar. Das coisas vistas no local de trabalho há um top-3 de nojo. 1 - sanita totalmente conspurcada e salpicada, o que aconteceu depois da chegada de determinado colega novo 2 -  o colega que, hoje de novo, aproveita o secador de mãos para secar o seu lenço de pano, isto enquanto diz: «secar a ranhoca». 3 - a colega que veio pedir-me para fazer algo que lhe competia porque ia, e passo a citar, "fazer cocó"

De chocolate, claro

Estou com tanta fome que era capaz de comer um Grand Slam!

Ajuda preciosa

(Mãe e filho jogam à bola no corredor) - filho agora vou fazer um intervalo para fazer a tua cama de lavado, pode ser? - ah, está bem. (Mãe vai para o quarto, filho segue-a) - Também vens? - sim - queres ajudar? - não. Fico a ver.

Sugestão?

O meu colega da frente espirrou seis ou sete vezes há 50 minutos. Como sou hipocondríaco já comecei a ter sintomas gripais. A começar por uma dor de cabeça a nascer. Ele, claro, está ali fresquinho que nem uma alface e não voltou a espirrar.

A praxe

Quando fui praxado, no ano de 1991, diverti-me. Diverti-me porque a minha praxe não foi bem praxe. Foi recepção aos caloiros, umas pinturas na cara, umas cantorias, uma ida ao largo ali ao pé da faculdade e muita boa disposição. A minha praxe não foi, pois uma praxe. Não havia Dux, nem hierarquias. Havia duas turmas apenas (do segundo e terceiro e anos) e pessoas bem formadas, divertidas, que, no fundo, com a falta de gente que havia na faculdade queriam era companhia. Foi um belo pretexto para fazer amizades, prolongado depois em jantaradas, jogos de futebol, conversas nos corredores. Em momento algum houve a estúpida superioridade veterano/caloiro. Quando a minha turma praxou foi igual. Sempre que alguém dizia que ficava de fora, de fora ficava, sem stresses. Também não houve comissões de praxe, nem hierarquias algumas. No fundo, percebo por estes dias, eu diverti-me na praxe porque não houve praxe na minha universidade. Sempre senti que alguns relatos não eram de integração, ant...

Consolo dos desconsolados

Estou a ver o Belenenses perder por 3-0 em Braga (acabou de ser agora o 3-º golo) e a acompanhar por Facebook o que vão escrevendo os meus amigos do Belém. Falta atitude e concentração; falta qualidade. Se quisermos ser sinceros, falta tudo. Tudo não. Não faltam desculpas. Isso nunca há de faltar...

Do relvado que já não existe

Ali o Djão fintou o Frasco a meio campo antes de rematar forte para o fundo da baliza. Era o maior relvado do Mundo. O melhor também. Verdinho como poucos, sim porque noutros estádios até azuis os havia. E verdinho era só aquele. Não era daqueles relvados bem cortados, não. Era, pelo contrário, em versão relvado, os cabelos encarapinhados do preto que andava pelas praias da Costa da Caparica a gritar Ééééééé o Oláááááá Xquinhoooo, Ééééééé frutóóóóescolate. Antes de ser o campo em que árbitros invalidaram golos com o até então inédito pretexto de que a bola passara por baixo da baliza - é verdade, posso jurá-lo, ainda que as cassetes onde os relatos ficavam gravados já tenham todas desaparecido - foi estrada que ligava cidades, meio esburacada, mas ainda assim capaz de receber a Volta a Portugal em bicicleta. Anos antes - nem sei já dizer quantos - naqueles troços disputaram-se corridas de Fórmula 1. É incrível como um local pode conter tanta história. Não só desportiva note-se. As ba...

Voar barato

Ando à procura de voos lacoste. A melhor companhia é a Jet Set?

Mau negócio!

Se alguém mora em Belém é estúpido comprar carro que tenha estofos em Alcântara, certo?

Desejos...

O que mais queria agora era estar em casa a brincar com o G.

Palavras de bebé

A um mês de celebrar três anos, o G. vai alargando o vocabulário. A os 26 meses: -caláco (cavalo) -chanho (desenho) -bulita (bonita) -mêlho (vermelho) -vête (verde) -amaguélo (amarelo) -balicha (baliza) -michi (Miffy) -pôpa (sopa) -sopa aos 27 meses -bulaichas (bolachas) - bolachas aos 27 meses -paschina (piscina) - piscina aos 27 meses -quên (quente) -pequé (colher) -lhálhá (laranja) -nêspa (nêspera) -mangos (morangos) -chiais (cereais) -chiu (frio) -nôcha (cenoura) -cananino (pequenino) - pôchôra (professora) -terra (escorrega) -cicoleca (bicicleta) -cicolico (triciclo) A os 32 meses: - pióco (helicóptero) - tompapé (pontapé) - fizei (fiz)  - cótis (cócegas) - gasonila / zugulina (gasolina) - camanino (pequenino) - escavaleita (escavadora) Aos 35 meses: - Xocoranque (restaurante) - xumafos (semáforos) - pão com manqueita (pão com manteiga) - palinha (pilinha) - gutolico (iogurte líquido) - Rrodôie (corredor) - Aboxés (avós Zés) - Carres...

Dos sonhos

Ir a correr, ser agarrado por uma mulher irritante. Dar um murro no colchão (que no sonho era ela). Os meus sonhos são cada vez mais estúpidos...

Momento nonsense

Aquele em que te apercebes que guardaste duas Pen drives que não querias perder num local seguro. Tão seguro que não sabes qual é...

Balanço de 2014

Se o ano é como começa vou dar no duro! Até ao momento este é o ano mais duro da minha vida. Não houve até agora dia deste ano em que não tenha suado as estopinhas. Sala esvaziada no dia 1 para que pelas nove da manhã o chão possa ser afagado. Dores de costas, insónias - estranhar a cama que me acolhe por quatro noites - mas também o entusiasmo de poder dar outra arrumação à sala. Eis o balanço que faço deste 2014. Precipitado?  Só daqui a uns meses. Para já é apenas isto...

Presentes

Imagem